SÃO PAULO – O fracasso da venda do controle da Eldorado Brasil Celulose para a Paper Excellence (PE) parece ter saído sob medida para a família Batista. A transação, ao fim e ao cabo, serviu para que os Batista tirassem da companhia as fundações Funcef e Petros ao preço que elas exigiam para sair e substituíssem as duas incômodas minoritárias por um novo sócio. Além disso, poderão vender o controle da empresa novamente, se assim o desejarem. Ou simplesmente ficar com o negócio, se tiverem fôlego financeiro para tal.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!De tão perfeito, o fracasso da transação, etapa a etapa, poderia ter sido executado de caso pensado pelos Batista. Ao menos um qualificado interlocutor de Joesley Batista chegou a ouvir do empresário, antes de sua prisão, que contava com a possibilidade de que os asiáticos não tivessem o dinheiro para pagar a etapa final da compra do controle da fabricante de celulose, e que esse arranjo não seria desinteressante para os Batista, que poderiam se manter no controle.
Ao negociar a venda da Eldorado com diversos interessados, em 2017, Joesley insistia no número mágico de R$ 15 bilhões de “enterprise value” (valor da empresa, representado por ações mais dívida). Conforme o Valorreportou na época, aquela era a cifra para que Petros e Funcef tivessem um retorno do investimento compatível com o cumprimento de suas metas atuariais. De todos os compradores, apenas a PE topou pagar os R$ 15 bilhões. Àquela altura, os sócios já viviam às turras dentro da Eldorado, ainda mais depois que veio à tona, via delações premiadas, pagamento de propinas a dirigentes das fundações para aprovar o investimento na produtora de celulose.
De resto, o fracasso da venda da Eldorado para a companhia dos Wijaya, os mesmos donos da Asia Pulp & Paper (APP), era bola cantada por muitos observadores da transação, dado o conturbado histórico de negócios dos Batista e dos Wijaya. Se no Brasil a família Batista se envolveu em um grande escândalo de corrupção, a APP não conta com boa reputação perante a comunidade financeira global. Em março de 2001, em meio à crise asiática, a companhia declarou uma moratória de US$ 13,9 bilhões, um dos maiores calotes da Ásia. O episódio restringe o acesso do grupo a crédito até hoje.
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