A nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve ser anunciada hoje, sobre investimento dos fundos de pensão deve "revolucionar" a forma como as entidades fechadas de previdência complementar lidam com a governança, afirma o CEO da Luz Previdência, Edivar Queiroz. Segundo ele, a nova regra deverá ser mais curta e direta, trazendo liberdade nos investimentos, mas reforçará exigências de responsabilidade, transparência e governança.
Segundo Queiroz, a minuta da nova resolução, que, ressalta, ainda não é a versão final, prevê que a entidade, dependendo do tamanho, tenha de criar uma área de gestão de risco ou ter um administrador. "Administrar risco é diferente de calcular risco, porque risco não é só de mercado", disse.
A gerente-executiva de riscos da Petros, Sandra Oliveira, conta que, quando chegou à fundação há pouco mais de um ano e meio, deparou-se com um quadro de informalidade na gestão de riscos. "Alguns órgãos estatutários nem existiam e também nem os regimentos internos."
Conforme Sandra, desde o ano passado a Petros montou a área que passa a ser obrigatória.
O diretor de investimentos da Funcef, Paulo Werneck, que está no posto desde setembro de 2016, também encontrou um quadro de desorganização. Conforme Werneck, "quando chegamos na fundação nós encontramos 54 fundos de private equity, ou seja, somos os maiores gestores de private equity do Brasil com 180 empresas investidas e algumas indo para recuperação judicial descontrolada".
Para Werneck, a ingerência política nas decisões das fundações no passado trouxe uma assimetria de alocação de riscos e gerou um déficit que está sendo pago pelos participantes. "Tivemos de fazer uma transformação na empresa, que estava sentada nos juros altos, com 80% alocado em dívida pública, mas também com uma parcela grande alocada em riscos assimétricos".
Para Werneck, a nova resolução vai atacar um problema central para as fundações. "Precisamos correr os riscos, porque errar faz parte do processo, mas não podemos errar por conta de má administração", diz.