SÃO PAULO – Apesar do feriado de Corpus Christi, as negociações de venda do controle da Eldorado Brasil Celulose, empresa da holding J&F Investimentos e fundos de pensão, mantêm-se em ritmo acelerado. Tanto que, disse uma fonte ao Valor, um desfecho da operação bilionária pode ser anunciado em breve.
A informação é que o grupo chileno Arauco, assessorado pelo banco Santander, está na dianteira do processo, com uma oferta considerada bem agressiva — acima de R$ 11 bilhões de valor total do ativo (incluindo a dívida de R$ 8 bilhões).
Segundo essa mesmo fonte, que acompanha de perto as negociações com J&F e que pediu para não ser identificada, o que está pesando muito no negócio para as brasileiras — Suzano e Fibria — são os riscos do acordo de leniência firmado pela J&F com o Ministério Público Federal (MPF), além do preço considerado adequado.
No entanto, para a Arauco, que não faz celulose no Brasil, isso não estaria sendo muito considerado.
Na avaliação de analistas do Itaú BBA, o equity na venda da Eldorado (valor que os acionistas receberiam de fato) valeria de R$ 1,8 bilhão a R$ 2,5 bilhões, sem incluir sinergias.
O acordo, resultante da delação de Joesley e seu irmão Wesley ao MPF que apontaram práticas de corrupção e pagamento de propinas envolvendo milhares de autoridades brasileiras, deixa todas as empresas da J&F co-responsáveis pela multa de R$ 10,3 bilhões, observou a fonte. No caso de a holding dos Batista não honrar, as suas controladas teriam de arcar.
Segundo outra informação, o grupo Suzano Papel e Celulose, que tem interesse no ativo e que contratou Bradesco e Itaú para ajudá-lo no caso, já teria recuado de fazer oferta pela fabricante de celulose, que tem fábrica em Três Lagoas (MS).
Estaria ainda no páreo a Fibria, companhia do grupo Votorantim e BNDES, lutando para reverter o jogo por razões justificáveis. É a única que tem muitas sinergias se levar a companhia de celulose dos Batista, pois tem uma fábrica também em Três Lagoas.
A Fíbria poderia usufruir de bilhões em ganhos de sinergias logísticas e florestais se ficar com a Eldorado, que já produz 1,7 milhão de toneladas por ano. A empresa tem a assessoria do Morgan Stanley.
A fonte destacou que o acordo de leniência da J&F ainda precisa de aval da 5ª turma do Superior Tribunal Federal (STF) e depois do Tribunal de Contas da União (TCU). Ou seja, da benção de muita autoridade para tornar-se efetivo.
Além disso, a holding teria de negociar com o Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos, que também poderia aplicar uma multa pesada aos Batista.
Procurada, a J&F informou, por meio de sua assessoria, que não comenta processo de venda de ativos.
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