O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça de Brasília que retome o bloqueio de bens e ativos, até o limite de R$ 3,8 bilhões, do empresário Joesley Batista, da J&F Investimentos, e do presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich. O motivo, segundo os procuradores, é o descumprimento de um termo de compromisso firmado em setembro com o MPF relativo à Operação Greenfield, que apura supostos desvios em fundos de pensão.
O MPF pediu ainda que a Justiça afaste toda a diretoria da Eldorado até o fim das investigações criminais. O pedido é para que seja formada uma diretoria provisória indicada por conselheiros que atualmente representam os fundos de pensão da Caixa (Funcef) e da Petrobras (Petros) no conselho de administração da empresa.
A procuradoria apontou suspeitas no pagamento de R$ 37,4 milhões da Eldorado para as empresas Viscaya e Araguaia, que pertencem ao doleiro Lúcio Funaro, preso na Operação Sépsis e acusado de operar propinas para o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). No termo em 2016, Batista e Gubrisich se comprometeram a apurar eventuais irregularidades e a colaborar para a transparência das investigações.
O MPF, no entanto, afirmou no pedido enviado à 10ª Vara Federal de Brasília que Joesley Batista e José Carlos Grubisich tentaram esconder supostas irregularidades cometidas com a Eldorado.
O procurador da República Anselmo Cordeiro Lopes afirma que as duas empresas contratadas para apurar irregularidades – Ernest & Young e Veirano Advogados – atuaram para encobrir irregularidades, dando aspecto de legalidade à operação e dificultando a investigação do MPF.
As firmas contratadas para auditar os repasses de R$ 37,4 milhões às empresas de Funaro afirmaram que é impossível fazer uma correlação entre os pagamentos à Eldorado e a concessão do financiamento ou de quaisquer vantagens em favor da companhia.
Para o MPF, todavia, a justificativa apresentada esconde atos próprios de lavagem de dinheiro. Atribui ainda, no pedido, outra suposta operação fraudulenta que teria ocorrido em 23 de novembro, referente a um contrato de R$ 190 milhões com a empresa Eucalipto Brasil S.A, vinculada a dois investigados na operação: Mário Celso Lopes e Mário Celso Lincoln Lopes. E que suspeita de uma ação coordenada por Batista e Gubrisich para comprar o silêncio de Mário.
Em nota, a J&F informou que “foi surpreendida com o pedido do MPF-DF de medidas judiciais contra Joesley Batista e Jose Carlos Grubisich, as quais tiveram como base denúncias estapafúrdias, infundadas e com caráter de interesses pessoais de Max Mauran Pantoja da Costa (Conselheiro indicado pela Funcef). Todas as decisões são públicas e foram tomadas pelo conselho de administração da Eldorado, com a maioria dos votos de seus membros, incluindo os independentes, de acordo com o estatuto social da companhia e o acordo de acionistas.” E declarou que refuta “alegações irresponsáveis feitas por Pantoja e pedirá ao MPF e ao juiz competente a oportunidade de provar a licitude, lealdade e boa fé de todas decisões tomadas no âmbito da empresa e do seu conselho de administração”.