A Petrobras identificou mais de 60 potenciais parceiros interessados em adquirir uma participação acionária na BR Distribuidora, maior distribuidora de combustíveis do país e um dos principais ativos do plano de venda de ativos da estatal. Segundo uma fonte com conhecimento direto sobre o assunto, entre os interessados estão “investidores estratégicos e investidores financeiros”, que estão recebendo o prospecto sobre o processo de venda, para o qual a petroleira contratou o Citi como agente financeiro.
Outra fonte próxima ao comando da estatal informou que a Itaúsa, holding de investimentos controlada pelas famílias Setubal e Villela, está entre os interessados. Da lista dos potenciais parceiros, a grande maioria, segundo a fonte, são fundos de private equity.
Também compõem esse universo holdings, empresas de comércio, de venda de combustíveis e de varejo.
Em comunicado enviado ao mercado segunda-feira, no qual informou sobre o início do envio de prospectos sobre o processo de venda de participação na BR, a Petrobras afirmou que “a seleção de empresas que receberam o teaser [prospecto] foi realizada com base em critérios objetivos, em conjunto com a instituição financeira especializada em fusões e aquisições contratada para assessorar o processo de venda”.
Internamente, a expectativa na Petrobras é que, como as linhas gerais da nova proposta de venda da BR já são conhecidas há algum tempo, a aquisição possa ser concluída rapidamente. Por outro lado, como o universo de interessados aumentou, após a mudança da modelagem de venda permitindo o compartilhamento do controle da empresa, pode ser que o processo de venda seja prolongado.
Uma das fontes ouvidas pelo Valor acredita que a Petrobras possa levantar mais de R$ 12 bilhões com a venda de uma fatia de 51% na BR Distribuidora.
Segundo ela, o negócio tem potencial não só pelo mercado de combustível, do qual a empresa é líder com 34,9% de participação, mas pela rede logística da empresa, composta por mais de 8 mil postos, e pela carteira de clientes, que totaliza mais de 10 mil grandes consumidores, com uma receita operacional líquida da ordem de R$ 97 bilhões.
“[A venda da BR] tem tudo para ser uma das maiores operações de fusões e aquisições em países emergentes”, disse a fonte. “Não se trata só de venda de combustível. A BR tem uma grande rede, tem potencial logístico”, completou.
De acordo com estimativas do BTG Pactual, no entanto, a venda da BR Distribuidora pode gerar ganhos da ordem de US$ 3 bilhões para a Petrobras. A cifra equivale a aproximadamente R$ 9,7 bilhões.
No documento enviado ao mercado na segunda-feira, a estatal lembrou que em julho o conselho de administração da companhia havia decidido “pelo início de um novo processo competitivo visando ao compartilhamento de controle, em uma estrutura societária que visa assegurar a maioria do capital total da BR, mantendo 49% do capital votante”. Na prática, a estatal negociará 51% das ações ordinárias da BR para o novo sócio, porém terá a maioria das ações preferenciais e, consequentemente, do capital total da distribuidora.
Ainda de acordo com a Petrobras, “esse novo modelo de venda atrai maior interesse do mercado e tem como objetivo maximizar o valor do negócio de distribuição de combustíveis, atender aos nossos objetivos estratégicos e manter a operação integrada na cadeia do petróleo”.
Durante evento de divulgação do plano de negócios da Petrobras para o período 2017-2021, no Rio de Janeiro, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que a venda da BR Distribuidora não deverá mais compor os US$ 15,1 bilhões de venda de ativos previstos pela Petrobras entre 2015 e 2016. Segundo ele, a tendência é que, pelo andamento do processo, a venda de uma participação na empresa integre o plano de venda de ativos de 2017-2018, de US$ 19,5 bilhões.
“A gente não acha que isso [venda da BR Distribuidora] vai entrar nos US$ 15,1 bilhões deste ano”, disse Parente, na ocasião.
No fim de setembro, a Petrobras anunciou a venda de 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para a Brookfield Infrastructure Partners (BIP) e suas afiliadas por US$ 5,19 bilhões. Segundo a estatal, a primeira parcela da venda, correspondente a 84% do valor total, ou US$ 4,34 bilhões, será paga no fechamento da operação. O restante, de US$ 850 milhões, será desembolsado em cinco anos.
Com a venda da NTS, a Petrobras alcançou US$ 9,78 bilhões em venda de ativos em 2015 e 2016. O montante equivale a quase 65% da meta de desinvestimentos para o biênio.
Desse total, US$ 730 milhões já entraram no caixa da companhia. Entre as operações já divulgadas ao mercado, destacam-se os 49% da Gaspetro (US$ 540 milhões), a Petrobras Argentina (US$ 892 milhões), a Petrobras Chile (US$ 464 milhões) e a descoberta do prospecto de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos (US$ 2,5 bilhões).
http://www.valor.com.br//empresas/4734931/petrobras-identifica-mais-de-60-socios-potenciais-para-br
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