Após declaração do presidente Barack Obama, que poderia taxar patrimônios de valor elevado, tema volta à pauta dos endinheirados
A possibilidade de taxar grandes fortunas para diminuir a desigualdade e beneficiar as classes mais baixas voltou ao centro das discussões após a publicação de “O Capital no Século 21”, do economista francês Thomas Piketty. Agora, o assunto parece estar migrando das páginas do livro para as dos jornais. Em setembro de 2014, o governo da Colômbia propôs cobrar imposto sobre patrimônios superiores a US$ 4,1 bilhões e, na semana passada, foi a vez do presidente americano, Barack Obama, dizer que estudava a possibilidade de taxar fortunas e, assim, levantar US$ 320 bilhões, nos próximos dez anos.
De tempos em tempos, o tema é motivo de preocupação para o investidor brasileiro. Leonardo Bortoloto, sócio da Aditus Consultoria Financeira, é um conhecedor do assunoto. Sua empresa atende 27 family offices que, juntos, somam um patrimônio líquido de R$ 20 bilhões. Bortoloto admite que o assunto preocupa seus clientes há alguns anos. “O grande investidor sabe como funciona a taxação em alguns países e se preocupa como isso pode afetar o Brasil. Eles sabem que essa tarifa existe e que uma hora chegará por aqui”. No entanto, o imposto não deve virar realidade, no curto prazo.
Assim como Bortoloto, Mauro Rached, diretor de Wealth Management do BNP Paribas, que possui € 300 bilhões sob gestão no mundo, não acredita que o governo de Dilma irá taxar as grandes fortunas. “Até agora, não temos nada que indique que, de fato, o governo caminhe nessa direção.” Rached explica que alguns de seus clientes têm comentado o assunto e procurado o banco para tirar dúvidas. “Esse assunto recorrentemente volta a ser discutido. Os investidores nos procuram mais para fazer perguntas técnicas.”
Por mais que possa ser uma fonte de renda no curto prazo, taxar fortunas poderia espantar o investimento estrangeiro no Brasil, tudo que o País não precisa em um momento em que o País luta para manter seu grau de investimento, explicam os especialistas consultados pela DINHEIRO. Para José Eduardo Martins, sócio da GPS, gestora do Grupo Julius Baer, que possui R$ 19 bilhões sob gestão, os clientes estão, sim, preocupados, mas ninguém tomou a decisão de deixar o País ou vender os seus ativos por causa do temor. “Sabemos que, nos nove países onde as fortunas são taxadas, o sistema não funcionou, por isso, não acredito que o Brasil adote isso no curto e médio prazo.”