Estudos históricos demonstram que fundos de pensão proporcionam retornos superiores aos de diversas modalidades de investimento
A rentabilidade consistente e sustentável ao longo do tempo é um dos principais atrativos da previdência complementar fechada, que se consolida como uma alternativa estratégica para garantir segurança financeira na aposentadoria, diante de um sistema previdenciário público cada vez mais desafiador no Brasil.
Estudos históricos demonstram que os fundos de pensão proporcionam retornos superiores aos de diversas modalidades de investimento. Levantamento com base nos dados das entidades fechadas de previdência complementar (EFPCs) mostra que, nos últimos dez anos, a rentabilidade mediana do sistema foi de 155,56%, acima do retorno de 141,86% dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) e de 78,60% da poupança no mesmo período.
Esses resultados evidenciam a capacidade dos fundos de pensão de gerar ganhos expressivos no horizonte de longo prazo, mesmo diante de crises econômicas e oscilações nos mercados financeiros. Embora as variações de rentabilidade no curto prazo possam gerar preocupações, é essencial compreender que essas flutuações são características inerentes ao mercado de investimentos.
Fatores macroeconômicos, como alterações nas taxas de juros, inflação e volatilidade cambial, influenciam o desempenho dos ativos. No entanto, a gestão profissional das EFPCs adota estratégias diversificadas e criteriosas para mitigar riscos e maximizar retornos ao longo do tempo. O foco no horizonte mais alongado dilui os impactos das oscilações momentâneas, permitindo que ganhos consistentes prevaleçam. Importante observar ainda que as EFPCs são reguladas por normas rigorosas, que garantem a transparência e a segurança dos recursos aportados.
A previdência complementar fechada, contudo, oferece benefícios que vão além da rentabilidade. Uma das características mais atrativas desse modelo é a contribuição compartilhada. Em grande parte dos planos, as empresas patrocinadoras aportam recursos para o fundo, em conjunto com os participantes. Essa parceria reforça o saldo acumulado e reflete o compromisso das organizações com o bem-estar financeiro de seus colaboradores.
A flexibilidade desse modelo permite ainda adaptar os planos às necessidades específicas dos grupos participantes. Isso inclui a definição personalizada das condições e benefícios, atendendo diferentes perfis e objetivos financeiros. Assim, trabalhadores podem planejar sua aposentadoria com maior previsibilidade e segurança. Ademais, as condições negociadas em grupo reduzem custos administrativos e aumentam a eficiência dos investimentos. Entre os benefícios desse sistema, estão também os incentivos fiscais, com a possibilidade de dedução de parte das contribuições da base de cálculo do Imposto de Renda.
No entanto, para aproveitar plenamente as vantagens da previdência complementar, é fundamental compreender seu funcionamento. A educação financeira desempenha um papel crucial ao ajudar os indivíduos a entenderem os ciclos econômicos, as estratégias de investimento e as oscilações do mercado.
A previdência complementar é desenhada para proporcionar benefícios futuros, geralmente após uma década ou mais de contribuição, o que reforça a necessidade de manter esse prazo em perspectiva. Ela tem o papel de garantir a realização de planos de longo prazo e uma aposentadoria sem sobressaltos financeiros, em um momento em que a busca por alternativas ao sistema público de previdência torna-se cada vez mais urgente no Brasil, especialmente diante das mudanças demográficas e econômicas que pressionam o Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de fecundidade caiu para 1,57 filho por mulher em 2023 e deve se reduzir ainda mais até 2040. Simultaneamente, a expectativa de vida ao nascer aumentou para 76,4 anos. Com menos contribuintes ativos e mais beneficiários, torna-se cada vez mais necessário buscar alternativas para assegurar uma aposentadoria digna, já que a previdência pública apresenta sucessivos saldos negativos. Conforme o Ministério da Fazenda, o déficit do setor está R$ 311 bilhões, no acumulado de 12 meses até março de 2025, evidenciando a insustentabilidade do modelo atual e as expectativas nada positivas para quem depende apenas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para se aposentar.
Diante dessas crescentes pressões, investir em previdência complementar não é apenas uma decisão financeira inteligente; é um compromisso com a construção de um futuro sustentável. Empresas e trabalhadores precisam unir esforços para enfrentar os desafios da aposentadoria no Brasil. Ao oferecer rentabilidade superior, segurança no longo prazo e benefícios adicionais, a previdência complementar representa uma solução estratégica para assegurar qualidade de vida na terceira idade.
Ricardo Serone é diretor financeiro e de investimentos da BB Previdência
E-mail: serone@bbprevidencia.com.br
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
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