A Petros está no meio de um fogo cruzado. Há uma disputa dentro da base aliada do governo pelo comando da fundação e consequentemente pelo controle de quase R$ 140 bilhões em ativos. De um lado, está o PT, notadamente o grupo político ligado ao ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto; do outro, o PSD, na figura do próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O nome dos petistas para o lugar de Henrique Jäger, que deixou a presidência da Petros em março, é Gustavo Gazaneo, atual diretor de investimentos da fundação. Gazaneo está onde está por indicação exatamente de Vaccari. A ofensiva petista, ressalte-se, não se limita à presidência do fundo de pensão.
O projeto de ocupação passa também pelo conselho da Petros. O partido articula a eleição de Adaedson Bezerra da Costa, da cúpula da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) – conforme noticiou a colunista Malu Gaspar, de O Globo, no último dia 28.
Os petistas, no entanto, terão de superar um osso duro de roer no duelo pelo comando do segundo maior fundo de pensão do país. No Ministério de Minas e Energia, corre a informação de que o influente Alexandre Silveira também tem um nome para a presidência da Petros: o advogado Renato Galuppo, integrante do Conselho da Petrobras. Mineiro, assim como Silveira, Galuppo é próximo do ministro há longa data.
Proximidade esta, por sinal, que pode ser medida pelo empenho do titular de Minas e Energia em assentar o aliado no board da estatal. A primeira indicação de Gallupo para o colegiado se deu em março de 2023. Na ocasião, no entanto, a nomeação foi reprovada pelo próprio Conselho da Petrobras devido a sua vinculação ao partido Cidadania.
Posteriormente, a estatal conseguiu revogar uma liminar que proibia alterações no estatuto, flexibilizando as normas para a indicação de políticos e, assim, abrindo caminho para o ingresso de Galuppo no Conselho.
Em tempo: há ainda uma terceira via na disputa pela presidência da Petros. Os petroleiros tentam emplacar no cargo Danilo Ferreira da Silva. Importante liderança sindical da categoria, Silva ocupa hoje a diretoria financeira da Transpetro.
Anteriormente, foi chefe de gabinete de Jean Paul Prates e de Magda Chambriard na Petrobras. Em ambos os casos, com bastante influência política. Entre outros poderes, tinha voz ativa no preenchimento de cargos na estatal. Seja qual for o escolhido para capitanear a Petros, o fato é que a governança do fundo de pensão será testada. Para todos os efeitos, a nomeação do novo presidente terá de passar pelo crivo do Conselho Deliberativo.
No entanto, a história mostra que as gestões petistas não são exatamente muito afeitas a respeitar certas ritualísticas no que diz respeito à ocupação de cargos e à gestão de fundos de pensão.