Desgastado com Lula, presidente da Previ está na corda bamba e corre risco de demissão

O presidente da Previ, fundação de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, corre risco de ser demitido do cargo. Desde o ano passado, o sindicalista sofre um processo de desgaste junto ao presidente Lula.

O maior foco de incômodo de Lula é a relação de proximidade de Fukunaga com o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz. Chegou a Lula a informação de que o presidente da Previ e o advogado têm realizado uma série de agendas em conjunto, inclusive no exterior.

Ambos teriam viajado juntos para o Japão, no ano passado, e Tiago teria acompanhado o presidente da Previ em agendas profissionais. Procurado, Fukunaga não quis se manifestar sobre as agendas nem sobre sua relação com o advogado.

Auxiliares de Lula relataram que, no ano passado, o presidente chegou a ter uma reunião com Fukunaga para externar suas queixas. O entendimento que é a proximidade entre ambos não seria salutar para a entidade, o que incluiu preocupação com empresários que são clientes de Cedraz.

Como nada mudou, Lula sinalizou a integrantes do governo que lavou as mãos sobre o presidente da Previ e também deu o aval para a demissão do sindicalista do posto.

A pressão sobre a troca de Fukunaga aumentou com a aprovação do TCU para instaurar uma auditoria na Previ. Em resposta, Fukunaga disse que a corte de contas agiu politicamente ao aprovar a abertura do procedimento, em caráter de urgência, sobre sua gestão da entidade.

A fala de Fukunaga foi mal recebida entre os ministros, pois foi interpretada como um ataque a Walton Alencar, relator do processo, e despertou o espírito de corpo dos membros do TCU.

Para sustentar o pedido de urgência da investigação, o ministro Walton ressaltou que a Previ registrou déficit de R$ 14 bilhões no acumulado de janeiro a novembro de 2024. A Previ nega risco de desequilíbrio e argumenta que não cabe ao TCU fazer esse tipo de fiscalização.

A escolha de Fukunaga para presidir um dos maiores fundos de pensão da América Latina, com ativos de R$ 250 bilhões e 200.000 cotistas, levantou muitas críticas pela sua falta de familiaridade com o setor. Sindicalista e professor de história, Fukunaga teve o apoio do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que chegou a ser condenado e preso por lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato. Vaccari, porém, teve sua condenação anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.

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