Diretores de Previc, Abrapp e Anapar questionam falta de debate sobre plano de ‘super-regulador ’

Criação do modelo “twin peaks” de regulação dos mercados no Brasil vem sendo estudada no Ministério da Fazenda

Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!

Ricardo Pena, diretor-superintendente da Previc — Foto: Andrea Rego Barros – Divulgação/Epinne-EPB

Diretores de organizações de previdência privada e complementar questionaram nesta quinta-feira (25) a proposta que vem sendo estudada no Ministério da Fazenda sobre a criação do modelo “twin peaks” de regulação dos mercados no Brasil. As declarações ocorreram na abertura do Encontro dos Profissionais de Investimentos e Previdência dos Fundos de Pensão do Norte e Nordeste (Epinne-EPB), em Recife (PE).

“Estão falando em fechar a Previc, mas eu nunca vi proposta [concreta]. Até porque, se juntarem os reguladores, nosso setor vai ser despriorizado. Precisamos nos unir e defender o nosso setor”, afirmou Ricardo Pena, diretor-superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

A proposta de um “super-regulador”, antecipada pelo Valor na semana passada, ainda não foi formalizada pelo governo. O modelo se inspira no padrão usado em países como Reino Unido, Austrália e Holanda.

A ideia é que o Banco Central (BC) concentre as atividades de regulação e supervisão prudencial do mercado financeiro e de capitais, além da política monetária, enquanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)ficaria encarregada da regulação e supervisão de condutas dos mercados.

Antes disso, o BC incorporaria as atribuições da Previc e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A reforma, que estaria em estágios preliminares de análise, vem na esteira da proposta de emenda à constituição (PEC) que tenta garantir autonomia financeira ao BC e seria implementada via lei complementar.

Ao Valor, Pena afirmou que, até agora, ninguém chamou a Previc para conversar sobre o tema. Para ele, não há dúvidas de que, em uma possível incorporação pelo BC, o segmento previdenciário ficaria em segundo plano.

“Essa experiência aconteceu na Receita Federal, quando assumiu a parte da previdência. Ela despriorizou e focou só na tributação, você canaliza esforços para outra área, é questão de escala e procedimento”, disse.

Ele também ponderou que esse tipo de reforma não é simples. “Até tem esse debate de talvez haver um sombreamento regulatório, pontos de intersecção. Mas no Reino Unido, por exemplo, há a ‘Previc’. Tem o FSA, que fiscaliza a conduta, mas tem o The Pensions Regulator, que fiscaliza o que seriam as nossas entidades”, destacou Pena.

O presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão (Anapar), Marcel Barros, enfatizou no primeiro painel do evento que BC, Susep, CVM e Previc são órgãos diferentes e com distintas atribuições.

“Se vamos tratar a previdência complementar como um simples instituto do sistema financeiro, vamos ser relegados ao segundo plano. Precisamos estar vigilantes”, afirmou Barros.

Também no evento, o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Jarbas Biagi, falou ao Valor que a entidade não é crítica, mas que o assunto precisa ser alvo de um amplo debate.

“Nós não somos críticos, não vimos nada formalizado. Primeiro nós gostaríamos de conhecer o projeto para poder opinar, até porque deve ser discutido a nível de Ministério da Previdência, da Fazenda, da Casa Civil. O que temos lido são alguns ‘insights’, sem nem ter o nome do responsável que falou. Não é um modelo republicano”, disse.

Biagi ainda destacou a relevância da Previc como um órgão especializado. “A nossa preocupação é que um segmento tão importante para a sociedade tenha um tratamento secundário. Trabalhamos para a sua criação e entendemos que, para a nação, esse órgão é importante e positivo.”

O presidente da Abrapp observou que, durante o processo de criação da Previc, houve o cuidado para a criação da Taxa de Fiscalização e Controle (Tafic), que são os próprios planos que pagam. “Não oneramos a sociedade em nada.”

https://valor.globo.com/financas/noticia/2024/07/25/representantes-de-previc-abrapp-e-anapar-se-queixam-da-falta-de-debate-sobre-proposta-de-super-regulador.ghtml


Descubra mais sobre Intelligentsia Discrepantes

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Descubra mais sobre Intelligentsia Discrepantes

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading