Episódio marca novo capítulo em guerra interna na estatal entre conselheiros e sindicalistas ligados a Prates
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Sede da Petrobras, no Centro do Rio — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O episódio é mais um capítulo da guerra interna entre uma ala de conselheiros da Petrobras e sindicalistas ligados ao CEO da estatal, Jean Paul Prates. As críticas de Bacelar, que é funcionário da Petrobras, têm como pano de fundo a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, vendida para um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos durante o governo Jair Bolsonaro.
A Petrobras pretende recomprar 51% das ações do fundo Mubadala para reincorporar a refinaria aos ativos da estatal, como mostrou O GLOBO na semana passada.
Como contamos no blog nesta quinta-feira, em um vídeo publicado no Instagram, Bacelar chegou a pedir a saída do gerente-executivo de Energia Renovável da gestão Prates, Daniel Pedroso, que teria participado das tratativas de venda da refinaria.
“Nós estamos com a CGU dizendo que há problemas nesse processo de venda e o Daniel Pedroso estava no meio dessa baderna toda. Tá na hora dele sair”, declarou em um vídeo publicado no Instagram no dia 5 de janeiro, na mesma data em que a Petrobras anunciou a abertura de uma investigação sobre a privatização da refinaria.
“Ele ajudou em todo esse processo de privatização e ainda é gerente-executivo na Petrobras. Infelizmente, o diretor [de Transição Energética e Sustentabilidade] Maurício Tolmasquim, companheiro nosso, professor da UFRJ, que está à frente da diretoria de transição energética, colocou o Daniel Pedroso ao seu lado”.
O dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Ricardo Stuckert/PR
Segundo apurou a equipe do blog, o tom das críticas de Deyvid Bacelar incomodou conselheiros do colegiado, que viram na conduta do funcionário possíveis infrações ao Código de Conduta Ética da Petrobras e pediram a abertura de um procedimento disciplinar.
O documento prevê, por exemplo, sanções disciplinares à quebra de decoro profissional nas redes sociais que possa prejudicar a imagem e a reputação da companhia – inclusive a rescisão do contrato de trabalho, em casos extremos.
A sindicância está em curso e é sigilosa.
Em nota, a FUP cobra a Petrobras a investigar a “conduta antiética de funcionários de alto escalão da empresa, que vazaram informações de um processo que, por sua natureza, deveria correr em sigilo”. Para a federação, o fato consistiria em uma violação ao código de ética da estatal.
O advogado Marthius Sávio Lobato, constituído para representar a FUP no caso, diz que o vazamento de “informações sigilosas” também “viola direito fundamental de Bacelar”.
O comunicado também faz alusão às gestões da Petrobras sob Bolsonaro, tom que vem sendo adotado por Deyvid Bacelar e setores sindicalistas nas críticas a gerentes que integram a gestão Prates, mas são associados ao bolsonarismo. A nota fala na “existência de setores informais de informação paralela na empresa, tal como era comum no governo anterior”.
Para a FUP, a refinaria baiana, rebatizada de Mataripe após a venda para o fundo Mubadala, foi vendida aos árabes abaixo do preço de mercado. A entidade tem batido pesado em executivos que participaram das negociações nas gestões anteriores.
Nós questionamos a Petrobras a respeito do andamento do inquérito contra Deyvid Bacelar para a reportagem publicada na manhã desta quinta-feira, mas a companhia informou que não poderia se manifestar “sobre a existência ou não” de apurações internas em curso.
O cabo de guerra dentro da alta gestão da Petrobras, intensificado após o novo pedido da FUP em reação à investigação aberta contra Bacelar, tem frustrado os esforços de Jean Paul Prates de pôr panos quentes sobre a situação.
O CEO da companhia tem tentado se equilibrar entre a defesa dos executivos que integraram a gestão da Petrobras na era Bolsonaro que estão na mira da FUP e o apoio da entidade sindical à sua administração.
Como publicamos no blog em março do ano passado, Prates se cercou de aliados e quadros ligados à FUP na composição de sua equipe na presidência da Petrobras em meio a uma diretoria ainda remanescente da era bolsonarista.
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