Petros tem melhor ano desde 2019 com título atrelado à inflação

Estratégia de proteção para os planos mais maduros impulsionou ganhos em 2023, que ficaram acima da meta de rentabilidade

Paulo Werneck, diretor de investimentos da Petros: jurídico analisa suspensão de multa dos irmãos Batista — Foto: Cicero Rodrigues/PetrosPaulo Werneck, diretor de investimentos da Petros: jurídico analisa suspensão de multa dos irmãos Batista — Foto: Cicero Rodrigues/Petros

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A Petros, segundo maior fundo de pensão do país, negociou R$ 60 bilhões em títulos públicos atrelados ao IPCA (NTN-Bs), em pouco menos de dois anos. A estratégia, voltada para proteger a carteira dos planos mais maduros, garantiu retornos acima da meta atuarial, contribuindo para impulsionar os números do ano passado, disse ao Valor o diretor de investimentos da entidade, Paulo Werneck. A rentabilidade consolidada foi de 12,6%, acima do objetivo médio de 9,7%. Foi o melhor resultado para a fundação desde 2019.

Ao mesmo tempo, a entidade segue na busca dos recursos de investimentos malfeitos no passado. Com a contratação de gestores terceirizados e especializados no tema, recuperou cerca de R$ 600 milhões, de acordo com o executivo. O fundo de pensão decidiu entrar na Justiça contra a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de paralisar o pagamento da multa de mais de R$ 10 bilhões imposta ao grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista no acordo fechado com o Ministério Público Federal (MPF). Deste total, Petros e Funcef receberiam R$ 1,75 bilhão cada, em 25 anos.

“Essa é uma questão que o departamento jurídico está trabalhando pesadamente. Eu tenho que ser bem conservador na possibilidade de impacto, porque não sei como vai prosseguir. Não posso contar com isso na busca pelo meu objetivo [de rentabilidade]”, disse Werneck.

No início do segundo semestre do ano passado, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras concluiu o processo de “imunização das carteiras”, com objetivo de fazer o chamado casamento entre ativos e passivos. Além de reduzir a volatilidade e buscar ativos de longo prazo, a fundação também saiu das posições de maior risco. O movimento é aplicado nos fundos de benefício definido (BDs), já maduros, e que precisam garantir pagamentos vitalícios aos participantes da fundação.

A estratégia de imunização aproveitou o cenário de juros elevados, acima da meta atuarial dos planos, para adquirir as NTN-Bs e contabilizá-las, casando o fluxo de caixa desses papéis com os compromissos de pagamento aos aposentados e pensionistas. A renda fixa teve ganhos de 12,6% em 2023. Os títulos públicos agora representam, em média, 82% da carteira dos planos. Apesar dos resultados positivos consolidados, os participantes e as patrocinadoras fazem contribuições adicionais para sanear déficits de anos passados.

A fatia de renda variável ficou menor, mas não significa que não acreditamos no movimento da bolsa”

Com a imunização completa, a equipe de Werneck agora precisa diversificar o restante da carteira, com o objetivo de “tornar o saldo mais eficiente” sem afetar os ganhos garantidos pela alocação em títulos públicos, de acordo com o diretor de investimentos. Esse trabalho é voltado principalmente para os planos de contribuição definida (CD), que ainda não estão maduros e têm mais entrada do que saída de recursos. Em 2023, a renda variável foi o segmento de investimentos da Petros com maior alta, de 15,1%, puxada pelos fundos de investimentos, que subiram mais de 20%.

“A fatia de renda variável ficou menor [com a estratégia de imunização das carteiras], mas não significa que não acreditamos no movimento da bolsa”, diz o diretor. No fim do ano passado, houve aumento de posições em bolsa, acrescenta, sem citar nomes dos papéis. Sem grandes movimentações em 2024 até o momento, o foco tem sido monitorar especialmente os passos do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e verificar se confirma a expectativa de redução de juros lá fora.

Na renda fixa, a entidade vai começar a olhar para crédito estruturado. E no segmento imobiliário, dará continuidade à estratégia de investimentos por meio de fundos imobiliários, carteira que teve alta de 27,1% em 2023. Também busca reduzir a vacância dos imóveis, que recuou 23 pontos percentuais desde 2019, para 19% no fim do ano passado. “Conseguimos desinvestir ativos que não faziam mais sentido”, afirma Werneck. A atual regra dos fundos de pensão não permite mais investimento direto em imóveis. As fundações precisam se desfazer destas carteiras ou transformá-las em fundos imobiliários até 2030. Um movimento da indústria busca alterar essas normas, mas não há decisão.

A entidade estuda a possibilidade de realizar um teste piloto para alocações de fundos de investimento em participações (FIPs) em alguns planos. Os investimentos focados em ESG (sigla para ambiental, social e governança) também estão no radar. Ao longo de 2023, a Petros mapeou 72 ações voltadas ao tema já existentes ou em implementação. No início do ano, tornou-se signatária dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), iniciativa de investidores em parceria com a ONU.

O executivo destacou o fortalecimento da governança da entidade, mesmo que torne a atuação mais rígida. “Os técnicos decidem o que é melhor para cada plano e levam para o comitê de investimento”, afirma. A aplicação também deve ser aprovada pela diretoria executiva, e, dependendo da alçada, precisa passar pelo crivo do conselho deliberativo.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2024/02/22/petros-tem-melhor-ano-desde-2019-com-titulo-atrelado-a-inflacao.ghtml


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