Governo Lula tenta manter acordos de leniência e evitar prejuízo bilionário

Integrantes do Executivo, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, devem procurar ministros do STF para tratar do assunto

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para manter a validade dos acordos de leniência fechados no âmbito da Operação Lava-Jato e evitar um prejuízo bilionário aos cofres públicos. Integrantes do Executivo, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, devem procurar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar do assunto nas próximas semanas.

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Apesar de Lula ter passado 580 dias preso por conta da operação, o governo tem adotado uma postura pragmática e se manifestado contra a possibilidade de suspender os pagamentos dos acordos fechados com grandes empresas. Também não está previsto, por ora, dar início a um processo de renegociação dos termos e valores inicialmente acertados.

Acordos de leniência são uma espécie de “delação premiada” para pessoas jurídicas, em que as empresas confessam irregularidades e aceitam ressarcir o erário em troca de benefícios, como a redução da multa aplicada. No âmbito federal, cabe à Controladoria-Geral da União (CGU) celebrar esses contratos. Atualmente, o painel de monitoramento do órgão registra 27 acordos celebrados, que juntos somam R$ 18,3 bilhões. Desse total, R$ 9,1 bilhões já foram recuperados.

Recentemente, o ministro Dias Toffoli deu decisões beneficiando a J&F e a Odebrecht (hoje Novonor), para suspender os pagamentos acertados com o Ministério Público Federal (MPF).

O argumento adotado pelo ministro, nos dois casos, é que a defesa precisa de tempo para analisar o material revelado pela Operação Spoofing, que trouxe à tona mensagens hackeadas dos celulares dos procuradores responsáveis pela Lava-Jato e o então juiz Sergio Moro, hoje senador do Paraná pelo União Brasil.

Para Toffoli, as conversas indicam um possível “conluio” entre o órgão acusador e o juízo responsável e há suspeitas de que as empresas possam ter sido coagidas a fechar os acordos de leniência na época.

Nessa quarta-feira, a AGU pediu que Toffoli esclareça o alcance da decisão proferida na semana passada sobre o acordo de leniência da Odebrecht.

Em parecer enviado à Corte, o órgão, que representa o governo, disse entender que a decisão de suspender os pagamentos da multa da empreiteira se referem somente aos valores negociados com o Ministério Público Federal (MPF), e não com a CGU.

Na terça-feira, a AGU enviou parecer ao Supremo defendendo que a decisão do ministro em relação à antiga Odebrecht não alcançava os compromissos assumidos pela empresa com o governo, em 2018. Na prática, o órgão quer garantir que a Novonor vai continuar honrando com os pagamentos e não interromper o fluxo de caixa previsto pelo governo. Esse montante, sem correções monetárias, ultrapassa os R$ 2,7 bilhões, dos quais já foram pagos R$ 172,7 milhões.

Nesta semana, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, recorreu da decisão de Toffoli que beneficiou o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A expectativa é que ele faça o mesmo em relação à Odebrecht. O governo espera que os casos sejam levados a plenário e que o colegiado derrube as decisões monocráticas (individuais) do ministro.

Em outra frente, tanto a AGU como a CGU já se manifestaram contra uma ação mais ampla, relatada pelo ministro André Mendonça, que pede a suspensão de todos os acordos de leniência fechados pela Lava-Jato.

O pedido foi apresentado no ano passado por partidos da base aliada do governo Lula (Psol, PCdoB e Solidariedade) e mira beneficiar as empreiteiras que celebraram esse tipo de acordo até agosto de 2020.

No parecer que encaminhou ao Supremo, a CGU defendeu não ser viável uma “revisão ampla e irrestrita” dos acordos e que pedidos desse tipo demandavam uma avaliação caso a caso.

De acordo com órgão, sete acordos ainda estão em execução e uma decisão de suspendê-los traria um impacto de R$ 8,2 bilhões aos cofres públicos. Além da Odebrecht, os acordos também incluem empresas como a Braskem, OAS, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e UTC.

Já a AGU destacou, em sua manifestação, que um dos princípios dos acordos fechados pelo governo é a “preservação da empresa”.

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