O plano do governo Lula para emplacar o ex-ministro Guido Mantega no conselho de administração da Vale tem como trunfo um detalhe da composição do colegiado: a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, possui dois assentos desde o ano passado. Segundo observadores privilegiados da governança da mineradora, essa condição abre um caminho facilitado para a acomodação de Mantega.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Maior acionista da Vale hoje, a Previ indicou dois nomes para o conselho em março do ano passado. O movimento foi interpretado como sinal de que o fundo de pensão estaria disposto a alavancar sua influência na companhia durante o governo Lula, mesmo depois de a Vale ter virado uma “corporation” — com ações pulverizadas e sem bloco de controle.
Estranhou-se, porém, a decisão da Previ em manter Daniel Stieler no colegiado. O executivo, que entrou para o conselho em 2021 e hoje o preside, foi indicado por Jair Bolsonaro para comandar a Previ. Mesmo sob o governo Lula, o fundo indicou Stieler e seu novo presidente, João Fukunaga, para o conselho da Vale.
Segundo fontes que acompanham a Vale, a permanência de Stieler se deu graças a uma aliança com o advogado Marcelo Gasparino, que hoje é seu vice no conselho da mineradora. Gasparino é membro de conselho em outras empresas com participação estatal relevante, como Petrobras e Eletrobras, e, segundo fontes, costurou o apoio de acionistas como BlackRock e Capital à chapa da Previ com os nomes de Stieler e Fukunaga.
— Se indicar Mantega como CEO é muito difícil, por causa das regras de governança da Vale, sua nomeação ao conselho é factível. Se o governo quiser, não enfrentará muitos obstáculos, e a renúncia de um dos assentos da Previ é um dos caminhos — disse uma fonte que já integrou o conselho da mineradora.
Ela lembra que o governo Lula parece estar pouco preocupado com críticas a suas nomeações a conselhos de administração:
— Veja o caso da Tupy, fabricante de motores. O governo indicou três ministros (Carlos Lupi, Anielle Franco e Vinícius de Carvalho, da CGU) para o conselho.
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