Reunião de acionistas elegerá general Silva e Luna e definirá novos membros do conselho
Fortes emoções. É a expectativa para a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Petrobras, marcada para amanhã.
A reunião de acionistas foi chamada para destituir Roberto Castello Branco e eleger o general Joaquim Silva e Luna para o conselho da estatal, pré-requisito para que o militar seja efetivado, posteriormente, como presidente da companhia. Também serão definidos os novos membros do conselho.
Faltando pouco mais de 24 horas para a assembleia, prevista para começar às 15h de amanhã, informações divulgadas ontem pela companhia e a movimentação de bastidores, envolvendo candidaturas dos minoritários, deram um sinal do que deve ser a AGE. Deve haver reclamações de acionistas, questionamentos e, eventualmente, até troca de candidatos.
O advogado Leonardo Antonelli, conselheiro da estatal e candidato à recondução pelos minoritários, ameaça desembarcar da candidatura, embora até ontem a companhia não tivesse recebido comunicado oficial da desistência.
Antonelli integra o comitê de pessoas, órgão de assessoramento ao conselho de administração da Petrobras, que realizou reunião na quinta-feira para avaliar as indicações para o colegiado da petroleira feitas pelo controlador, a União, e por minoritários.
Como membro do comitê, Antonelli apontou restrições à maioria dos candidatos. A oposição de Antonelli deve gerar reações de acionistas uma vez que há quem entenda que haveria conflito de interesses de um candidato ao conselho (Antonelli) avaliar a elegibilidade de outros candidatos que concorrem diretamente com ele pelas vagas. Procurado, Antonelli não respondeu até o momento.
Fonte graduada próxima da Petrobras disse que a falta de consenso no comitê de pessoas em torno de grande parte das indicações para o conselho de administração da Petrobras será comunicada aos acionistas na AGE. “A assembleia é soberana para decidir o que fazer”, disse a fonte. Poderia haver impugnação e substituição de nomes.
O comitê de pessoas é presidido pelo conselheiro Ruy Schneider e tem a participação de Antonelli, além de dois membros externos.
Ontem à tarde, a Petrobras enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a ata da reunião do comitê de pessoas realizada na quinta-feira.
Na reunião do comitê, foram apresentadas restrições de elegibilidade a sete dos 11 nomes avaliados para o conselho de administração, o que significa que, em tese, 64% do total de candidatos analisados teriam algum tipo de impedimento para ocupar o cargo no colegiado da petroleira.
Na lista de sete nomes da União avaliada pelo comitê na reunião, quatro candidatos sofreram algum tipo de objeção por Antonelli. São eles: Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Ana Silvia Corso Matte, Marcio Andrade Weber e Ruy Flaks Schneider. No caso de Marcio Andrade Weber, a rejeição foi unânime uma vez que Schneider, na condição de presidente do comitê, também votou contra.
No caso dos minoritários houve restrições a três dos quatro candidatos. São eles: Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros, Marcelo Gasparino da Silva e José João Abdalla Filho.
O conselho de administração da Petrobras tem 11 assentos, mas na AGE estarão em jogo oito vagas. A União apresentou chapa com oito nomes para a assembleia, enquanto os minoritários lançaram quatro candidatos. São, portanto, 12 candidatos para oito vagas na assembleia.
Na reunião do comitê de pessoas, na quinta, foram analisados somente sete nomes da União uma vez que a indicação do general Silva e Luna já havia sido aprovada pelo mesmo comitê, de forma unânime, em meados de março.
Na reunião, Antonelli apresentou objeções contra sete candidatos, entre nomes da União e de minoritários. Ele se absteve de avaliar a própria candidatura e deu voto favorável a apenas três nomes: o atual presidente do conselho, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, Cynthia Santana Silveira e Murilo Marroquim de Souza.
Nos casos de voto favorável de Scheinder ao candidato e contrário de Antonelli, houve voto de “qualidade” (de desempate) favorável às indicações por parte dos conselheiros Marcelo Mesquita e Rodrigo Mesquita, este somente em alguns casos.
Uma fonte envolvida no processo disse que, apesar de não haver unanimidade no comitê de pessoas, a maioria dos candidatos, mesmo com restrições, preenche os requisitos para integrar o conselho de administração da Petrobras.
Os casos mais complicados, porém, seriam o de Márcio Andrade Weber, da chapa da União, e de Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros, indicado por grupo de minoritários. Ambos tiveram voto contrário unânime pelos membros do comitê, na última reunião.
Antonelli justificou o voto contrário e o expôs na ata, que diz o seguinte em um trecho: “Verifica-se, no caso concreto, que os candidatos a membro do Conselho de Administração Marcio Andrade Weber e Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros, não obstante terem declarado no Anexo I que não firmaram contrato ou parceria na qualidade de prestador de serviço da Petrobras e BR Distribuidora nos últimos 3 (três) anos, a simples leitura dos currículos e documentos pelos mesmos disponibilizados aponta que Marcio Andrade Weber até agosto de 2020 era diretor da Petroserv, fornecedora e operadora de sondas da Petrobras, e Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros até dezembro de 2020 era Diretor do Citibank responsável pela ‘abertura e subsequente pulverização do capital da BR Distribuidora’.”
O comitê disse que caberá à assembleia decidir se Weber e Medeiros poderão ser eleitos.