Saudi Aramco avalia venda de participação em oleodutos por até US$ 15 bilhões

Negociações representam outra tentativa de monetizar os ativos de petróleo da Arábia Saudita

A Saudi Aramco, gigante de energia da Arábia Saudita, está em negociações avançadas para vender até 49% de participação em seus oleodutos para um consórcio de investidores americanos, chineses e árabes por um valor entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões, de acordo com fontes.

A Saudi Arabian Oil, conhecida como Aramco, está em negociações para vender a participação minoritária a um grupo de investidores que pode incluir a gigante americana Apollo Global Management, a firma de investimento em energia EIG Global Energy Partners, o fundo de infraestrutura chinês Silk Road e a China Reform Fund Management, um fundo de capital privado chinês, juntamente com fundos de pensão sauditas.

As negociações representam outra tentativa de monetizar os ativos de petróleo da Arábia Saudita – antes considerados tão estratégicos que mesmo uma venda de participação minoritária parecia improvável.

Com a ascensão do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, no entanto, o reino ficou mais disposto a atrair investidores estrangeiros e ceder algum controle sobre sua indústria de petróleo em troca de dinheiro.

Ao longo dos últimos anos, o Príncipe Mohammed promoveu uma listagem internacional das ações da Aramco, antes de decidir por uma listagem local de uma fatia muito pequena da empresa.

Ao deter uma participação majoritária no negócio de oleodutos, a Arábia Saudita garante que permanecerá no controle operacional dos ativos. Um acordo criaria uma joint venture entre a Aramco e qualquer licitante vencedor, segundo pessoas a par do assunto. Essa joint venture receberia recursos da Aramco para o transporte pelos oleodutos.

Os detalhes do acordo de divisão da receita não foram divulgados.

Em alguns aspectos, as negociações marcam mais um passo na reversão parcial da nacionalização dos campos de petróleo e infraestrutura pela Arábia Saudita durante as décadas de 1970 e 1980. A inclusão de investidores chineses no grupo que está negociando a participação também pode adicionar um elemento de tensões geopolíticas a qualquer negócio.

Um investidor chinês é importante para a Arábia Saudita, já que o país responde por uma grande proporção do crescimento esperado da demanda global de petróleo. Mas também proporcionaria uma oportunidade para Pequim aumentar sua presença em uma região há muito dependente da projeção do poder militar dos Estados Unidos. O governo Biden está atualmente recalibrando sua relação com a Arábia Saudita, incluindo a redução da presença militar dos EUA no Oriente Médio.

A estrutura final de qualquer grupo vencedor ainda está em evolução, disseram essas pessoas, e as negociações ainda podem fracassar. Uma possibilidade é que a Apollo ou a EIG desistam do consórcio, segundo pessoas a par do assunto. Isso ajudaria a garantir que todos os jogadores do grupo tivessem equidade suficiente no negócio para fazer valer a pena.

Ainda assim, há precedentes recentes para a associação de dois investidores de private equity ocidentais. A Abu Dhabi National Oil convenceu com sucesso a BlackRock e a KKR & Co. a abandonar suas ofertas individuais e unir forças para garantir um acordo de gasoduto intermediário de US$ 4 bilhões em 2019.

Em qualquer acordo, a Aramco pretende vender a participação minoritária por entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões em um negócio que poderia avaliar a rede de oleodutos da Aramco em mais de US$ 20 bilhões.

A Saudi Aramco opera mais de 90 oleodutos em todo o país, incluindo um oleoduto de petróleo bruto leste-oeste que liga os campos de petróleo na província oriental do país ao porto de Yanbu ao longo do Mar Vermelho. Não seria possível saber imediatamente se todos esses dutos seriam incluídos em qualquer negócio.

O acordo visa, em parte, ajudar a Arábia Saudita a arrecadar dinheiro de sua empresa estatal de energia para financiar investimentos em tecnologia, turismo e outras indústrias. O reino há muito tenta reduzir sua dependência do petróleo. A Aramco, por sua vez, quer um consórcio internacional para demonstrar a atratividade do país como destino de investimentos para estrangeiros, segundo pessoas a par do assunto.

A reputação da Arábia Saudita sofreu um golpe entre os investidores estrangeiros após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggiem 2018. Em fevereiro, o governo dos Estados Unidos liberou um relatório de inteligência que dizia que o príncipe Mohammed ordenou a operação que levou à morte de Khashoggi. O príncipe Mohammed reconheceu que o assassinato aconteceu sob sua supervisão, mas disse que não foi ele que ordenou.

Um IPO local de ações da Aramco em 2019 não conseguiu atrair uma participação estrangeira significativa. Os investidores internacionais, porém, se aglomeraram para comprar a dívida soberana do país. Duas grandes emissões de dívidas da Aramco também atraíram interesse do exterior.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/04/07/saudi-aramco-avalia-venda-de-participao-em-oleodutos-por-at-us-15-bilhes.ghtml


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