Walter Mendes sai da Petros e vai para Funcesp

RIO – O presidente da Petros, Walter Mendes, renunciou ao cargo nesta quarta para assumir o comando da Funcesp, o fundo de pensão das empresas de energia do Estado de São Paulo. A saída de Mendes ocorre após dois anos no fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

Com o desligamento de Mendes, assume o posto, interinamente, o diretor de Investimentos da Petros, Daniel Lima. O executivo vai acumular os dois cargos.

Na Funcesp, Mendes vai substituir Martin Glogowsky, que vai se aposentar após 20 anos à frente do fundo. A fundação abriu um processo seletivo e Mendes foi indicado para participar, disse uma fonte. O agora ex-presidente da Petros teve passagens pelo antigo Unibanco, Schroders e Itaú.

Desde que assumiu a Petros há dois anos, Mendes realizou mudanças na estrutura de governança e conduziu apurações internas em relação a investimentos problemáticos. A Petros pediu uma indenização de R$ 584 milhões de ex-dirigentes e conselheiros pelos prejuízos e danos referentes à aquisição de uma participação na Itaúsa, comprada em 2010 da Camargo Corrêa com ágio em relação ao valor de mercado.

O Valor apurou que uma possível saída da Petros já havia sido acenada por Mendes, mas surpeendeu até mesmo nos bastidores por ter ocorrido de forma muito rápida. Uma pessoa próxima à Petrobras cita a existência de divergências do executivo com a patrocinadora, especialmente em relação ao déficit bilionário do PPSP, plano de benefício definido (BD). A Petrobras tenta criar um plano de contribuição definida, com migração dos atuais participantes do BD e, no entendimento dessa fonte, não era um tema que Mendes se dedicasse.

Procurado, Mendes disse que não há qualquer outra razão para sua saída do que o convite para presidir a Funcesp. “Deixo a Petros com muita satisfação pelo trabalho realizado e muito grato pelo apoio que tive dos colegas da diretoria e dos funcionários, assim como das patrocinadoras. Porém, percebi que esse seria, neste momento, o melhor caminho a tomar”, disse ao Valor.

O representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no conselho deliberativo da Petros, Paulo Cesar Chamaidoro, avalia que a saída de Mendes tem a ver com as eleições. Ele defende que a Petrobras indique um presidente de seu quadro funcional. “A área de investimentos tem nomes competentes”, afirmou, comparando o desempenho da Previ, que só tem em seu quadro funcionários de carreira do BB. “É um momento muito ruim para sair, delicado para a fundação e demonstra o erro de indicar gente de fora do mercado”, afirmou o presidente da FUP.

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