Fundações acreditam agora que empresa tem potencial para crescer ainda mais
Rennan Setti12/06/18 – 20h34
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!RIO – Os fundos de pensão demonstram hoje nenhuma pressa para se desfazer das ações da Vale. Se a venda dos papéis – mais de 11% do capital da mineradora – era noticiada como iminente três meses atrás, o discurso das fundações agora é que a companhia tem potencial para crescer ainda mais, proporciona dividendos volumosos e oferece liquidez (capacidade de arranjar comprador a qualquer momento) ímpar no mercado. Mudança de tom ocorre depois de a mineradora chegar a subir até 43% desde que anunciou sua entrada no Novo Mercado, segmento de maior governança da B3 (ex-Bovespa).
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Gueitiro Genso, presidente da Previ, admitiu que o maior fundo de pensão brasileiro "desacelerou" nos seus planos de abrir mão de papéis da Vale. Em fevereiro terminou o chamado “lock-up”, período no qual os controladores da extinta Valepar – BNDESpar, Litel Participações (que tem Previ, Petros e Funcef) Bradespar e Mitsui – não podiam se desfazer dos seus papéis. O lock-up foi previsto na reorganização societária celebrada no fim do ano passado e que visava a pulverizar o capital da mineradora.
– Essa (a Vale) é uma em que desaceleramos… Já temos liquidez. Conversas entre acionistas da Litel acontecem a todo momento, mas não temos necessidade de fazer alguma alienação de curto prazo. Quando olhamos para a ação da Vale, nessa crise de agora, foi a ação que menos apanhou. A ação estava a R$ 52 hoje pela manhã, sendo que chegou a R$ 8 no pior momento (da recessão). A Vale tem todas as características de uma ação que a gente quer ter na carteira – afirmou Genso ao GLOBO, durante o Seminário de Políticas de Investimentos, organizado pelos fundos Previ (BB), Petros, Funcef (Caixa) e Valia (Vale) no Rio.
Ele citou como atributos da Vale sua governança, que considera "resolvida" após a migração para o Novo Mercado; o fato de ser "uma alta pagadora de dividendos"; o cenário de dólar alto que "para a Vale, só favorece"; e o fato de a empresa não ter "necessidade de investimento nos próximos anos, enquanto as concorrentes australianas estão na fase de investimento". ALém disso, mencionou ainda a tendência para as commodities metalicas e o advento do carro elétrico.
– Queremos capturar esse ganho ao longo do tempo. Não temos necessidade de acelerar a venda de Vale. Os múltiplos da Vale estão abaixo das australianas. Eles tem se reduzindo com governança etc. Os múltiplos (relação entre o preço e os números operacionais) da Vale está muito abaixo dos das australianas. Já fechou bastante, mas ainda tem muito a caminhar. E é isso que faz com que a gente não queira acelerar (a venda) na participação na Vale.
Walter Mendes, presidente da Petros (fundo de pensão da Petrobras), disse que a operação "pode ser feita, pode não ser (feita)" e que não tem "qualquer urgência" para vender os papéis. Segundo ele, vendas feitas no passado, como de papéis de Itaúsa, Iguatemi e de cerca de R$ 200 milhões em imóveis garantem flexibilidade suficiente para o plano, fazendo com que abrir mão de parte das operações de Vale não seja uma obrigação.
– A gente ainda vai ver se ainda vai fazer essa opeação esse ano, se não vai fazer… A gente espera que até seja feita ainda esse ano. Mas a nossa posição não é tão expressiva em Vale e a situação da empresa é ótima. Nós não temos nenhuma preocupação com isso. Não temos qualquer urgência nisso – afirmou Mendes. – Quando vendemos o lote da Itaúsa no ano passado, era um valor expressivo, de R$ 4,5 bilhões, e precisávamos aumentar a flexibilidade do nosso plano de BD (Benefício Definido, plano mais antigo). Mas, na Vale, é um valor bem menor. Depois das operações que fizemos com Itaúsa, Iguatemi, CPFL e a venda de imóveis, essa preocupação com a venda da Vale não existe. Ela pode ser feita, pode não ser.
De acordo com Mendes, se a operação for feita, ela estará "longe de de vender toda nossa participação".
Paulo Werneck, diretor de investimentos da Funcef (Caixa), deixou em aberto a possibilidade de até mesmo elevar a exposição à Vale. A fundação tem cerca de 10% dos mais de R$ 60 bilhões investidos pela Funcef estão aplicados em ações da mineradora Vale.
– Se vamos vender (as ações da Vale) ou se vamos comprar mais, eu ainda não posso dizer. As fundações têm que se preocupar com bons pagadores de dividendos. A venda forçada de ativos é desnecessária – afirmou ele.
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