No ano passado, estas aplicações renderam perdas bilionárias à fundação
Renna Setti12/06/18 – 12h57
Edifício da Caixa Econômica Federal no Setor Bancário Sul, em Brasília – Jorge William / Agência O Globo
RIO — O fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica (Funcef) avalia voltar a investir em Fundos de Investimentos em Participações (FIP), veículos que, no passado, renderam à fundação perdas bilionárias com apostas furadas em empresas como Sete Brasil e Eldorado. Segundo o diretor de investimentos da Funcef, Paulo Werneck, novas regras para a aplicação em FIPs estão melhorando a qualidade desse investimento. De acordo com ele, o atual patamar de juros, historicamente baixo para a média brasileira, obrigará a Funcef a diversificar sua carteira e a voltar a olhar para esse tipo de investimento.
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— Temos que olhar outros instrumentos, como crédito e FIPs. O produto de "private equity" (FIP) usou, no passado, uma forma de alocação de risco assimétrica. E esses parâmetros agora foram reajustados. Temos uma necessidade de alocação nisso. Tanto no exterior como em FIP, a forma como vai ser feito é que será importante. Não podemos nos furtar a olhar todas as oportunidades – disse Werneck, acrescentando que a Funcef tem cerca de R$ 3 bilhões comprometidos em FIPs. — Nosso objetivo é rentabilizar a carteira olhando para todos os ativos disponíveis no mercado.
Werneck fez referência a nova resolução, publicada no fim de maio pela Previc, que regula os fundos de pensão. A norma passa a obrigar os gestores de FIPs a entrarem com pelo menos 3% do capital dos fundos. Segundo o diretor superintendente da Previc, Fábio Coelho, o objetivo é alinhar o interesse do gestor – um prestador de serviços externo – com o do fundo de pensão que aplica no FIP.
De acordo com Werneck, a Funcef também tem elevado a participação das ações na sua carteira de investimentos. Cerca de 10% dos mais de R$ 60 bilhões investidos pela Funcef estão aplicados em ações da mineradora Vale. Após a recente reorganização societária da Vale, a Funcef e outros fundos de pensão já estão livres para se desfazer dos papéis da empresa. Werneck deixou em aberto, porém, a possibilidade de até mesmo elevar a exposição à Vale.
— Se vamos vender (as ações da Vale) ou se vamos comprar mais, eu ainda não posso dizer. As fundações têm que se preocupar com bons pagadores de dividendos. A venda forçada de ativos é desnecessária — afirmou ele, no Seminário de Políticas de Investimentos, organizado pelos fundos Previ (BB), Petros (Petrobras), Funcef e Valia no Rio.
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