Diretor financeiro da estatal, executivo ainda resiste a aceitar proposta
Gabriela Valente01/06/18 – 17h44
Diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro durante audiência no Sendo – Marcos Oliveira/Agência Senado/28-04-2015
BRASÍLIA — Desde o pedido de demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, o nome mais cotado nos bastidores tem sido o do diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro. Segundo fontes do governo ouvidas pelo GLOBO, o convite foi feito, mas o técnico resistiu a aceitá-lo. Para tentar convencê-lo, o presidente Michel Temer teria garantido que ele não sofreria pressões políticas na administração da empresa. O nome do diretor financeiro é visto como um sinal de continuidade e que a política de preços seria mantida. Além de Monteiro, o nome de Solange da Silva Guedes (diretora-executiva de Exploração e Produção) também estava sendo cotado para o lugar de Parente.
— No início ele não estava aceitando, mas o presidente teria dado garantia de que ele pode administrar a empresa sem interferências políticas — contou uma alta fonte do governo sob condição de anonimato. — Está bem encaminhado.
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Monteiro é o braço direito de Pedro Parente. No entanto, chegou antes do chefe à empresa. Foi levado pelo ex-presidente da companhia, Aldemir Bendine, em 2015. Os dois trabalharam juntos no Banco do Brasil. Entraram com a saída de Graça Foster. A missão de Ivan Monteiro é consertar os erros da gestão anterior. Começou a desenhar um plano para reerguer a empresa assim que assumiu. Segundo pessoas próximas, ele ficou surpreso com a bagunça na contabilidade da empresa e começou a corrigir coisas como a falta de provisionamento para possíveis dívidas.
Após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o comando da Petrobras foi alterado. Saiu Bendine e assumiu Parente. Ele manteve Ivan Monteiro no cargo que tocou a recuperação da empresa sem necessidade de o governo injetar dinheiro público.
— O Ivan é uma quadro forte. Se for nomeado, é um sinal de que a política de preços não será alterada — falou uma fonte da empresa.
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Em 2015, o GLOBO mostrou que Monteiro alterou todo o planejamento tributário da Petrobras e deixou a contabilidade dos impostos devidos mais conservadora. A companhia deixou se arriscar com engenharias financeiras que poderiam resultar em disputas judiciais. Abandonou fórmulas sofisticadas de planejamento tributário que tinham sido a saída encontrada pelas gestões anteriores para lidar com a alta do preço internacional do petróleo no passado. Ao pagar menos impostos, a estatal não sacrificava o lucro e podia suportar o represamento dos preços da gasolina na gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda.
Monteiro também coordenou a alocação de investimentos após a Operação Lava-Jato. Revisou o balanço impactado por perdas de R$ 88 bilhões pela corrupção. E também as primeiras captações feitas para salvar as finanças da empresa.
Antes de ir para a Petrobras, Ivan Monteiro era vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil. Era considerado um dos melhores na área pelo mercado financeiro.
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