Petros cria Comissão interna para averiguar investimento em BR Pharma

Pleito milionário pode complicar recuperação judicial da BR Pharma

Drogaria Mais Econômica, que já fez parte da rede de farmácias, alerta administrador judicial sobre existência de outras dívidas trabalhistas e ação contra empresa

A Drogaria Mais Econômica, dona de 35 farmácias no sul do País, tenta fazer com que a Justiça reconheça novas dívidas da Brasil Pharma, rede de drogarias da qual já fez parte. O pedido pode complicar a já delicada situação da companhia, que foi criada pelos sócios do banco BTG para se tornar a maior rede do País, mas encontra-se em recuperação judicial.

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A Brasil Pharma tem dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão e, mesmo após fechar dezenas de lojas, precisa de nova injeção de recursos para manter a operação restante de pé, segundo fontes a par dos números da empresa.

16. BTG PactualNo BTG, a avaliação é que os processos não vão prosperar Foto: Werther Santana|Estadão

A Drogaria Mais Econômica, que desde 2015 é controlada pela empresa de investimentos Verti Capital, acusa a BR Pharma e o BTG de terem fraudado suas demonstrações contábeis e escondido seu real passivo trabalhista.

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No pedido protocolado na segunda-feira na recuperação judicial da Brasil Pharma, a empresa sustenta que a Justiça do Trabalho já reconheceu em alguns casos a responsabilidade de seus antigos donos sobre essas dívidas. Hoje, esses débitos não estão contabilizados na recuperação judicial da Brasil Pharma, que é dona da rede de franquias Farmais e de marcas como Big Ben.

“Estamos levando ao conhecimento do administrador que o Judiciário já está reconhecendo que a Brasil Pharma e o BTG são responsáveis pelo passivo trabalhista da Drogaria Mais Econômica. Isso servirá para alertar que o passivo da empresa é maior do que o informado”, diz o advogado Marcio Louzada Carpena, que representa à Drogaria Mais Econômica.

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Além de informar sobre esse passivo, a Mais Econômica pede que o administrador judicial da recuperação, a consultoria Deloitte, se manifeste sobre “práticas e procedimentos contábeis e manifestas adulterações da realidade econômico-financeira de empresas controladas da Brasil Pharma”, conforme já relatado em ação que move contra sua antiga controladora e o banco BTG.

“O objetivo é reforçar que as práticas adotadas pela Brasil Pharma a condução dos negócios traz para ela responsabilidades maiores das que foram apontadas inicialmente”, afirmou Carpena.

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A Drogaria Mais Econômica chegou a ter mais de 150 lojas, mas foi encolhendo e, após ser vendida para a Verti Capital, também entrou em recuperação judicial.

De acordo com um executivo ligado à Brasil Pharma, os pedidos da Mais Econômica vêm em mau momento. Mesmo que esses créditos não sejam reconhecidos agora no processo, o pedido deixa investidores e credores receosos e traz dano à imagem da BR Pharma e do BTG. Pedidos de esclarecimentos foram feitos à companhia nesta terça-feira, 15.

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Há receio, por exemplo, de que, diante do movimento da Mais Econômica, outros pleitos de indenização possam surgir. A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, que colocou quase R$ 300 milhões para ter 10% da BR Pharma, diz que o investimento é alvo de comissão interna para averiguar eventuais irregularidades.

No BTG, a avaliação é que os processos não vão prosperar. O argumento é que empresa sempre foi auditada, fazia parte do Novo Mercado e não há problemas no balanço. Oficialmente, o banco não comenta.

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Crise. O destino da Brasil Pharma segue incerto. Em abril deste ano, a empresa apresentou um plano de recuperação judicial pedindo desconto de até 95% na dívida, cuja maior parte está nas mãos dos antigos controladores, os sócios do BTG – a empresa foi adquirida por valor simbólico pela Lyon Capital em 2017.

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O plano consiste em levantar recursos com a venda de pontos comerciais e as poucas farmácias próprias que restaram. Representantes da consultoria Alvarez & Marsal têm abordado possíveis interessados nesses ativos.

A companhia segue com dificuldade para gerar caixa e há avaliação de que um novo aporte é necessário para que sobreviva, além de corte ainda mais agressivo na dívida. Por isso, há um impasse. Os sócios do BTG, principais credores, chegaram a colocar quase R$ 50 milhões na empresa após seu pedido de recuperação e relutam em desembolsar mais recursos.

Histórico. A BR Pharma foi formada pelos sócios do BTG em 2009 e chegou ao posto de maior rede de farmácias do País após fazer uma série de aquisições. A hoje quase abandonada Big Ben, do Pará, foi adquirida por mais de R$ 450 milhões em 2011.

Em 2012, começaram a aparecer problemas. Após prejuízos, os sócios do BTG iniciam o desmonte da companhia em 2015, com a venda da Mais Econômica e da Rosário. Os problemas foram crescendo e culminaram no repasse do negócio por R$ 1 mil no ano passado e na recuperação judicial no início deste ano.

Procurada, a Brasil Pharma não retornou.

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