Brent a US$ 75 deixa projetos da Petrobras em situação confortável

Patamar está bem acima da projeção de preço do barril e break-even indicados no plano de negócios da companhia

Última atualização em 8/05/2018
FPSO Pioneiro de Libra, da TK Ocyan (Crédito: Ocyan)

Apontada pela Petrobras como principal causa do crescimento de seu lucro anual, a elevação dos preços do petróleo vista nos últimos meses deixa, ao menos momentaneamente, os projetos de E&P da companhia em uma situação confortável.

Cotado a US$ 75 – patamar mais alto desde 2014 –, o Brent está bem acima da premissa de preço médio do barril prevista pela companhia para este ano, de US$ 53/barril, segundo seu atual plano de negócios (2018-22).

Nos anos seguintes, a Petrobras projeta preços do barril variando entre US$ 58, em 2019, e US$ 73, em 2022.

O valor é também muito superior ao preço médio de equilíbrio estimado pela companhia para viabilizar seus empreendimentos no período, de US$ 29/barril, além de superar em mais de duas vezes o break-even do campo de Mero, no pré-sal de Santos (US$ 35/barril).

Analistas são, entretanto, cautelosos na avaliação do cenário de preços da commodity, que têm sido especialmente pressionados pela instabilidade na Venezuela e a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã.

“O cenário com o qual o mercado trabalha é o do ‘low forever’, com preço do barril a 50, 60 dólares. Só vai sobreviver quem tiver custos de produção abaixo disso”, observa o sócio da KPMG, Manuel Fernandes.

Para o consultor, a tendência de gradativa substituição dos combustíveis fósseis por fontes alternativas de energia em escala mundial nas próximas décadas não deixará espaço para altos preços no longo prazo.

Já o diretor de Custos e Tecnologias da IHS Energy no Brasil, Carlos Rocha, assinala que ainda não é possível dizer se o Brent a US$ 75 é um novo patamar ou apenas um pico.

“Ninguém esperava um brent tão alto em 2019, mas é cedo para dizer se esse patamar vai continuar”.

Em relação ao campo de Mero, Rocha considera que o break-even projetado pelo consórcio de Libra é otimista.

“Os custos do projeto podem acompanhar a elevação dos preços do barril, fazendo esses 35 [dólares] virarem 40 rapidamente”, assinala.

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