RIO – O diretor de investimentos da Petros, Daniel Lima, defendeu nesta sexta-feira que sejam feitas mudanças na regulamentações dos Fundos de Investimento em Participações (FIP), veículo usado para comprar participações em empresas e que foi o principal alvo da Operação Greenfield, em 2016. Segundo Lima, os problemas dos últimos anos com FIPs – que incluíram fiascos como Sete Brasil, Grupo Galileo, Eldorado e Gradiente – não foram "decorrente apenas de uma casualidade" e demostram que alterações precisam ser feitas.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!– Ao observar a magnitude dos fenômenos adversos que aconteceram e sua proporção tão grande, fiquei desconfortável ao ver que há uma percepção de que o mercado está feliz com o arcabouço legal. O volume de problemas que temos não pode ser decorrente apenas de uma casualidade. Quando olhamos individualmente esses produtos, há vieses importantes ali que precisam ser tratados. Se a gente não usar aqueles ali, a gente não vai colher nenhum benefício – afirmou Lima em palestra durante evento organizado pela gestora Vinci Partners para tratar de FIPs. – Vocês podem interpretar isso como choradeira, mas não é, é a vontade de que a indústria aprenda sem tomar o choque na tomada. Todo mundo tem que fazer um "mea culpa". A fundação (Petros) passou o tempo todo fazendo isso, se reinventado e mudando nosso paradigma interno. Vejo pouca gente fazendo isso.
Em conversa com jornalistas após o painel, Lima sugeriu que um caminho seria aproximar a norma vigente no país daquelas existentes no exterior.
– Muita coisa no Brasil está sendo passada a limpo. O Brasil tem que se aproveitar do que aconteceu e passar a limpo também aspectos do arcabouço regulatório. Muito disso pode ser a inspiração no arcabouço que temos lá fora. Esse tipo de investimento, com personalidade jurídica, tem que ser repensado. Minha avaliação é que temos um arcabouço regulatório particular. E a gente deveria convergir mais para um arcabouço internacional. A gente perde em inserção no mercado externo e a gente perde oportunidades – disse.
Durante o painel, o diretor da Petros observou que as características regulatórias locais vinham trazendo dificuldade para o próprio investimento em FIPs. Ele mencionou "analistas que pedem demissão porque não querem mais avaliar FIPs", temendo ser responsabilizados em casos de problemas futuros e gerando o que chamou de "fundo zumbi, um verdadeiro ‘Walking Dead’. Depois da palestra, Lima esclareceu que falava conceitualmente.
– Tratar de FIPs não é um problema simplesmente de investimento, mas um problema jurídico. A questão da dificuldade de assinar a avaliação de FIP é mais conceitual. Não temos nenhum caso específico na Petros. Mas existe uma sensação de risco dos profissionais que você deve levar em conta na hora de fazer as normas – esclareceu.
Em fevereiro, o presidente da Petros, Walter Mendes, dissera que dos 28 FIPs que estavam na carteira da fundação, 25 eram considerados problemáticos. O principal problema era o desenvolvimento aquém do cronograma previsto. A fundação vinha tentando fechar todos eles por meio da venda de suas cotas ou das próprias empresas investidas. Enquanto não se livrar desse passivo, a Petros não investirá em novos FIPs, disse o presidente naquela ocasião.
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