Quando, em 19 de janeiro, a Petrobras publicou um anúncio ao mercado sobre a reorganização societária da Braskem com o propósito de converter todas suas ações em ordinárias, houve uma reação otimista de investidores, que acreditaram que um acordo sobre o fornecimento de nafta e a reorganização societária eram iminentes. Mas, passados três meses, o impasse prossegue.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!A petrolífera dá prioridade à migração para o Novo Mercado porque pretende vender suas ações na petroquímica em uma oferta pública e quer um desfecho posterior para o contrato de fornecimento, enquanto a Odebrecht segue condicionando a reestruturação societária ao fechamento de um acordo de nafta de longo prazo.
O Valor apurou que a Petrobras propôs que uma consultoria independente seja contratada para fazer projeções sobre o preço da nafta no longo prazo, trabalho que poderia ser concluído em estimados seis meses e daria base para um novo contrato de fornecimento. Hoje, as estimativas estão a cargo de técnicos da Petrobras e Braskem, cada um com interesses próprios. Além de preço, não houve acordo ainda sobre o prazo.
A Odebrecht propõe um contrato de dez a 15 anos, enquanto Petrobras concorda com cinco a dez anos apenas. A petrolífera quer que a Odebrecht concorde com a reorganização societária antes da conclusão do trabalho da consultoria. A Odebrecht não quis ceder até agora.
No cenário ideal da estatal, a conversão das ações da Braskem em ON seria feita a tempo para que uma oferta de suas ações ocorra ainda no primeiro semestre. Na eventualidade de não haver a migração da Braskem para o Novo Mercado, a alienação da participação da Petrobras poderia ser feita de outra forma, porque a companhia não gostaria de adiar esse desinvestimento por mais tempo.
Embora o preço do petróleo Brent a U$ 74 o barril ajude a acelerar sua desalavancagem financeira rumo ao pretendido índice de 2,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) -quando fez seu orçamento considerou um petróleo a US$ 53 -, a empresa ainda tem uma dívida elevada e o plano de desinvestimento segue uma prioridade.
Na esteira dessas negociações, até a tentativa da Odebrecht de obter novo financiamento bancário entrou no pacote. Para que possa tomar novos empréstimos bancários, a empresa queria dar ações ordinárias da Braskem em garantia. Como os papéis estão vinculados ao acordo de acionistas, a Odebrecht precisava de uma aprovação da Petrobras.
Tal necessidade converteu-se num obstáculo. A Petrobras não se negou a dar o aval, mas quer vincular essa questão à negociação mais ampla da migracão para o Novo Mercado e fornecimento de nafta.
Diante de tal obstáculo, bancos e Odebrecht tentam garantir os novos créditos com ações PN.
A Petrobras informou que não comenta o assunto. Em nota, a Odebrecht declarou: "A Odebrecht S. A. informa que continua empenhada na negociação com os bancos de seu relacionamento. Por sua dimensão e pelo número de bancos envolvidos, trata-se de uma negociação complexa e demorada. Esta é uma operação de caráter estruturante para a Odebrecht e que ao mesmo tempo beneficiará todos os credores."
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