Déficit dos fundos de pensão cai à metade em 2017, para R$ 36,1 bilhões

Equacionamentos de R$ 39 bilhões para cobrir rombos melhoram resultado do setor

Rennan Setti2018-04-16 11:49:21.052
xINFOCHPDPICT000074081643.jpg.pagespeed.ic.oDiVxQK8hQ.jpgPrédio da Petrobras no Centro do Rio: fundo de pensão da estatal promove equacionamento de R$ 27,3 bilhões – Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO – Os fundos de pensão brasileiros reduziram à metade seus déficits no ano passado, informou nesta segunda-feira a Previc, que fiscaliza o setor. De acordo com o balanço da autarquia, o déficit técnico acumulado encerrou o ano em R$ 36,1 bilhões, contra R$ 70,6 bilhões no mesmo período de 2016. Os números melhoraram sobretudo, segundo a Previc, por causa de R$ 39 bilhões em equacionamentos anunciados por grandes fundos, como o Petros, para cobrir seus déficits.

“A dinâmica positiva da solvência é resultante da recuperação da atividade econômica e, principalmente, do equacionamento de déficits em curso, no valor aproximado de R$ 39 bilhões, com destaque para aqueles realizados por Entidades Sistemicamente Importantes (ESI)”, escreveu a autarquia em nota, referindo-se ao grupo formado sobretudo por grandes fundos de estatais, como Petros (dos funcionários da Petrobras) e da Funcef (Caixa Econômica Federal).

O resultado agregado do setor, que combina os déficits e os superávits de todos os fundos, diminuiu de R$ 52,3 bilhões negativos para R$ 15,8 bilhões negativos nesse período. Segundo a Previc, dos 302 fundos de pensão brasileiros, 75 (cerca de 25%) são deficitários. O volume de recursos detidos pelos fundos cresceu 5,76% em um ano, para R$ 841,9 bilhões.

A Petros foi uma das fundações que anunciaram no fim do ano passado um equacionamento. No caso dela, o objetivo é cobrir um déficit acumulado nos últimos anos que soma R$ 27,3 bilhões. A Funcef também anunciou equacionamentos no ano passado.

Os fundos também foram ajudados pelo desempenho positivo de ativos importantes em suas carteiras de investimento. É o caso dos títulos públicos pré-fixados, que foram favorecidos pela redução dos juros básicos da economia de 13,75% a 7% no último trimestre do ano. Quando os juros caem mais intensamente do que se esperava, esses papéis ganham valor pois foram emitidos no passado a juros maiores do que os praticados agora. No período, o índice IRF-M 1+ — que mede o desempenho dos títulos desse tipo com vencimento acima de um ano — foi de 16,67%. Superou assim os 9,9% obtidos pelo CDI, taxa básica de mercado e considerada a meta mínima de qualquer investimento.

A Bolsa, por sua vez, disparou 26,8% no ano — embora seu peso na carteira dos fundos seja muito menor que o dos títulos públicos.

“Com a redução dos índices de inflação e das taxas de juros em 2017, ativos indexados à taxa de juros pré-fixada e marcados a mercado propiciaram o reconhecimento de resultados positivos. Destaca-se ainda a valorização do mercado acionário que também trouxe resultados positivos para essa classe de ativos”, acrescentou a Previc.

A autarquia alertou, porém, para a redução da rentabilidade dos títulos de renda fixa em geral com a diminuição da taxa básica de juros, a Selic. Como mostrou O GLOBO em março, a consultoria Aditus estima que, em um grupo de 250 planos, o volume investido em segmentos de maior risco crescerá R$ 66,5 bilhões até 2022.

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