O leilão, que ofertou ao todo 47 áreas no mar, também marcou o retorno da norte-americana Chevron na busca de um novo cardápio exploratório
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Brasil realizou nesta quinta-feira o maior leilão de sua história sob regime de concessão, ao negociar 22 blocos marítimos com uma participação agressiva de consórcios integrados por Petrobras e Exxon Mobil , que responderam por grande parte dos 8 bilhões de reais arrecadados, superando em muito expectativas do próprio governo.
O leilão, que ofertou ao todo 47 áreas no mar, também marcou o retorno da norte-americana Chevron na busca de um novo cardápio exploratório, já que a empresa não obtinha novas concessões em leilões no país desde 2013.
Outras petroleiras gigantes que já atuantes no Brasil confirmaram interesse em continuar crescendo no país, como Shell , Statoil , BP , com lances competitivos e em declarações de executivos ao fim do leilão.
Os lances mais valiosos do certame de áreas marítimas foram concentrados na Bacia de Campos, tradicionalmente a mais importante do Brasil, mas que tem enfrentado declínio nos últimos anos devido a grande quantidade de áreas já no fim de suas vidas. O governo leiloou também blocos nas bacias Potiguar, Santos, Ceará e Sergipe-Alagoas.
Com o sucesso da licitação, o governo federal revisou para mais de 12 bilhões de reais sua expectativa para arrecadação de bônus com os leilões de petróleo deste ano, recursos esses que devem ajudar a União a ter um déficit menor em suas contas.
Antes do leilão desta quinta-feira, a expectativa do governo era arrecadar um total de 6,9 bilhões de reais em bônus de assinatura neste ano, incluindo as rodadas de blocos marítimos e terrestres sob regime de concessão desta quinta-feira e a rodada do pré-sal sob regime de partilha, em junho.
“Foi um sucesso retumbante e esse já é o maior leilão da história de leilões (de concessões) no Brasil”, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, ao comentar a nova previsão de arrecadação após o evento.
DESTAQUE
No maior lance da 15ª Rodada de Licitações desta quinta-feira, um consórcio formado pela norte-americana Exxon, a Petrobras e a QPI, do Catar, arrematou o bloco C-M-789 pagando bônus de aproximadamente 2,8 bilhões de reais. O grupo tem a Exxon como operadora, segundo a ANP.
Já um outro consórcio, com a Petrobras como operadora, a norueguesa Statoil e a Exxon Mobil, arrematou o bloco C-M-657, com um bônus de 2,128 bilhões de reais.
A Petrobras também arrematou como operadora, junto com Statoil e Exxon, o bloco C-M-709, por 1,5 bilhão de reais.
A estatal brasileira ainda integrou um consórcio, operado pela Exxon e com presença também da QPI, que levou o bloco C-M-753, por 330 milhões de reais.
Em entrevista, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que os lances no leilão levaram em conta o interesse da empresa e não apenas questões como caixa e endividamento.
Mas ele ressaltou que as ofertas realizadas não afetam métricas financeiras da empresa. “O caixa da Petrobras vai muito bem”, comentou a jornalistas.
No total, a Petrobras arrematou sete blocos, sendo quatro na Bacia de Campos e três na Bacia de Potiguar.
VENCEDORAS
Mas a grande estrela da rodada em número de áreas arrematadas foi a Exxon, que levou um total de oito blocos, sendo quatro em Campos, dois em Santos e dois em Sergipe-Alagoas.
A presidente da Exxon do Brasil, Carla Lacerda, disse que a atuação demonstra a confiança em investimentos no país –a empresa já havia voltado com força nos leilões do Brasil do ano passado, também tendo a Petrobras como parceira.
“Estamos agora mais confiantes no investimento no Brasil, sem dúvida… Temos várias oportunidades pela frente, estamos analisando cada rodada… queremos ter um portfólio aqui robusto”, disse Lacerda.
O leilão também marcou o retorno ao Brasil da petroleira alemã Wintershall, que havia feito atividades exploratórias no país entre 2001 e 2005. A empresa levou sete blocos.
“Queremos construir e manter o portfólio bem balanceado e, por isso, estaremos em distintas áreas e objetivos”, disse o presidente da Wintershall no Brasil, Gerhard Haase.
A Shell, segunda maior produtora de petróleo do Brasil e grande parceira da Petrobras em áreas do pré-sal, também reforçou seu interesse em expandir negócios no Brasil.
“Nós levamos quatro (blocos), para nós foi positivo e a gente tem mais coisa para trabalhar em um portfólio que já está bem grande, e o time no escritório está bastante feliz porque tem mais atividade para a gente trabalhar”, diz presidente da Shell no Brasil, André Araújo.
Já o leilão de blocos exploratórios terrestres de petróleo e gás natural, também realizado nesta quinta-feira, não recebeu lances para as 21 áreas ofertadas nas bacias de Paraná e Parnaíba, de acordo com a reguladora ANP.
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