Petrobras trabalha para reduzir custo no pré-sal em cenário global acirrado

Com o aquecimento da produção de xisto nos EUA, o mercado internacional está mais disputado. Neste cenário, a estatal afirma ter reduzido o valor da extração nestes campos para cerca de US$ 7


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RICARDO CASARIN

SÃO PAULO

23.03.18 5:08 AM

A Petrobras continua trabalhando para reduzir o custo de produção do petróleo no pré-sal em um cenário global cada vez mais competitivo, especialmente diante do xisto dos Estados Unidos.

“Sem dúvidas, o custo de produção do pré-sal irá cair. Quanto mais se desenvolve a área explorada, mais se reduzem os gastos”, afirma o analista da Mirai Corretora, Pedro Galdi.

De acordo com a estatal, o custo de extração da camada pré-sal está abaixo dos US$ 7 o barril e o break even – preço mínimo do barril de Brent a partir do qual a produção é viável – está na faixa de US$ 30 a US$ 40. O valor médio anual do indicador em 2017 foi de cerca de US$ 54,4.

“Nosso break even é bastante competitivo globalmente e não por acaso as empresas internacionais estão interessadas nos campos”, declarou a gerente-executiva de relacionamento com investidores da Petrobras, Isabel Rocha, em evento em São Paulo nesta quinta-feira (22).

Segundo dados apresentados pela empresa, o valor está na mesma faixa do petróleo do Oriente Médio e abaixo do xisto norte-americano. “O shale tem uma faixa maior de risco. O break even pode ser muito barato ou caro. Algumas empresas até quebraram”, aponta Isabel. Ela afirma ainda que o produto não é promissor no Brasil. “Existe xisto no País, mas não é economicamente interessante”.

A executiva explica que o custo operacional do pré-sal é baixo por causa da alta produtividade dos poços. “Há um alto percentual de sucesso [no projeto]. Praticamente não há poços secos. Não são necessários grandes investimentos em exploração e há muitas reservas para desenvolver.”

Hoje, a rentabilidade do pré-sal supera as demais operações da empresa, destaca. “Uma grande parte dos resultados da Petrobras vem do pré-sal”, aponta Galdi.

De acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em dezembro de 2017, o pré-sal foi pela primeira vez responsável por mais da metade da produção brasileira de petróleo e gás natural. A exploração dos campos é feita pela Petrobras e também por outras companhias.

A estatal planeja a entrada em produção de 19 novos sistemas até 2022, incluindo empreendimentos no pós-sal, nas bacias de Campos e Santos.

“As novas unidades vão sustentar o aumento da produção”, assegura Isabel.

Mercado de refino

Isabel Rocha falou sobre os planos de desinvestimentos da Petrobras no segmento de refino e comercialização.

“Queremos lançar essa oportunidade ao mercado. Estamos desenvolvendo um modelo de negócios e discutindo estratégias para abrir para outros players”.

Ao contrário dos segmentos de exploração e produção e de distribuição, onde houve uma abertura de mercado, a estatal ainda detém quase a totalidade do refino. O empecilho tem sido convencer investidores de que a atual política de preços de combustíveis, orientada pelo mercado internacional, será mantida. “A ANP está atuando para garantir a possíveis parceiros que não haverá interferência do governo nessa questão”, conta Isabel.

“Não existe necessidade de alterações em regulamentações. O controle de preços não era exercido por meio de legislação, mas por decisão da gestão anterior se submeter. Isso não ocorrerá com a administração atual”.

Antes da mudança, os preços eram pautados pela inflação e políticas internas. Esse modelo afasta empresas por tirar delas o controle da operação. “A nossa decisão de investimentos não sofre interferência do governo”, garantiu. A Petrobras entende que a abertura de mercado traria maior competitividade e desenvolvimento. “Empresas estão trazendo conhecimentos e agregando valor na exploração e produção, por exemplo. No refino isso não acontece”.

A executiva explica que o desenvolvimento do modelo de negócio está perto de ser concluído. Não haverá restrições de participação no negócio e até mesmo uma fatia majoritária poder ser oferecida a parceiros. “Não em tudo, porque a empresa quer continuar a ser integrada.” O plano ainda depende de aprovação, mas Isabel garante que a resolução está próxima. “Será anunciado ainda em 2018”, conclui.

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