Gás caro tira a Petrobras de fertilizantes

A falta de competitividade do gás natural fez a Petrobras desistir do negócio de fertilizantes, as Fafens, conforme explicou nesta terça-feira (20/3), o diretor de Refino e Gás Natural da empresa, Jorge Celestino. De acordo com ele, estão à venda a UFN-3, no Mato Grosso do Sul, e a unidade Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, por serem mais atraentes a investidores. Já as fábricas de Sergipe e Camaçari (BA) serão postas em hibernação à espera de ofertas, o que deve ocorrer até o fim do primeiro semestre.

O executivo explicou que a venda da UFN3 e da Ansa já se encontra na fase de envio de propostas vinculantes, mas não entrou em detalhes sobre com quais empresas está negociando.

Celestino explicou que hoje o mercado brasileiro importa 85% do que consome em termos de fertilizantes, enquanto 15% vem da produção nacional. Além disso, o que é fabricado aqui utiliza como matéria-prima o gás natural liquefeito (GNL), menos competitivo do que em outras regiões exportadores como a Rússia, países da África e Oriente Médio, onde há acesso a gás mais barato. Por essa razão, a Petrobras não vê mais sentido em permanecer no setor.

No ano passado, a unidade de Camaçari apresentou prejuízo de R$ 700 milhões, enquanto em Sergipe, o resultado negativo foi de R$ 200 milhões. “Percebemos que nos próximos 12 anos não há perspectiva de reversão e continuariam operando com prejuízos”, comentou.

Insatisfação

O fechamento da unidade de Sergipe, desagradou o govenador do estado, Jackson Barreto. Ele informou que no próximo dia 22/3, irá a Brasília e vai mobilizar parlamentares contra o fechamento. Além disso, disse que pedirá uma audiência ao presidente Michel Temer para intervir no processo.

A saída da Petrobras do mercado de fertilizantes foi anunciada no plano de negócios e gestão 2017-2021. Há seis anos, o segmento de fertilizantes era considerado a “menina de ouro” da então área de Gás e Energia da Petrobras, com a perspectiva de absorver mais de 40% dos US$ 13,5 bilhões previstos no Plano de Negócios 2012-16. Na época, a UFN3 era o carro-chefe do segmento.

Desde o fim do ano passado, a MSGás, distribuidora do Mato Grosso do Sul, vem negociando com os bolivianos o fornecimento de gás para tenta viabilizar a UFN3, com cerca de 2,2 milhões de m³/dia de fornecimento da Bolívia.

https://bepetroleo.editorabrasilenergia.com.br/falta-de-competitividade-no-gas-tira-a-petrobras-do-negocio-de-fertilizantes/