Os maiores planos administrados pela Fundação, o Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP) e o Plano Petros-2 (PP-2), encerraram 2017 com rentabilidade superior à meta atuarial. No caso específico do PPSP, plano de benefício definido, a valorização foi de 9,18% frente à meta atuarial de 8,97%, revertendo cenário de retorno abaixo do previsto registrado nos quatro anos anteriores. Já o PP-2, plano de contribuição variável, teve rendimento de 10,24%, acima da meta atuarial de 8,82%.
“O resultado de 2017 é decorrente de um cenário econômico mais favorável, com desaceleração da inflação, queda de taxas de juros e certa recuperação do mercado de ações. Como investidores financeiros, nosso objetivo é gerir as carteiras de tal modo que os investimentos realizados remunerem apropriadamente pelos riscos assumidos”, destaca o diretor de Investimentos, Daniel Lima.
Mudanças na gestão dos investimentos
O trabalho que vem sendo conduzido pela Diretoria consistiu, inicialmente, na revisão dos processos de investimento, monitoração e desinvestimentos. Foram criados normativos e aperfeiçoados os já existentes, adaptando-os às melhores práticas de mercado, a fim de aumentar a robustez e sofisticar a gestão dos recursos. Ao mesmo tempo, foram implementadas ferramentas para controles de risco, estabelecendo parâmetros de acordo com o perfil de cada plano. Em linha com o planejamento estratégico da Petros, foi instituída a cultura de gestora de ativos (asset), com o objetivo de viabilizar uma gestão mais ativa das carteiras, tendo em vista o cenário de mercado esperado pelos times de investimento.
“Hoje temos um conjunto de normas e regras para investir, desinvestir e monitorar, que possibilitam a tomada de decisão colegiada de forma ágil. Além disso, os processos hoje produzem registros detalhados, resultando em alto grau de transparência e permitindo a responsabilização de toda a cadeia de tomadores de decisão. Para 2018, vamos aperfeiçoar ainda mais a gestão de recursos, avançando na direção de uma cultura de resultados”, ressalta Lima.
Em paralelo ao aperfeiçoamento da governança, houve uma análise criteriosa dos ativos alocados nas carteiras dos planos. Na carteira de participações, o foco foi a análise econômico-financeira das empresas investidas, avaliando a valorização potencial dos ativos e implementando a disciplina na determinação de níveis de preços para diferentes cenários de mercado que sejam gatilhos para desinvestimentos. As mudanças já implementadas deram suporte às tomadas de decisão, permitindo êxito na condução de operações complexas de desinvestimentos que proporcionaram maior flexibilidade às carteiras, seja para gestão ativa da renda fixa, seja para aplicar em renda variável líquida, aproveitando janelas de oportunidade.
Para a gestão de crédito privado foram criados normativos que estabelecem critérios específicos para a carteira proprietária, definindo, inclusive, limites de risco. Com isso, em 2017 houve aquisições de debêntures emitidas por empresas operacionais, listadas na B3, a maioria no Novo Mercado, e com histórico de demonstrações contábeis referendadas pelas principais empresas de auditoria, além de rating de agência internacional superior a “AA-”. A gestão buscou, ainda, ampliar a diversificação da carteira de debêntures, que anteriormente estava concentrada em apenas sete emissores.
“A Fundação passou a atuar com disciplina na seleção dos papéis, exigindo prêmios de risco adequados. Hoje o processo de análise e tomada de decisão está efetivamente estruturado, explorando tanto critérios objetivos/quantitativos, como também qualitativos a respeito dos emissores e setores, entre outros”, acrescenta o diretor.
PPSP: movimento para racionalização da carteira
O ano de 2017 marcou o início da “racionalização” da carteira do PPSP, adequando-a ao passivo maduro do plano, que paga mais benefícios do que recebe contribuições. Além de maior flexibilidade para que os investimentos alcancem resultados aderentes à meta atuarial, em função de um cenário de taxa de juros reais abaixo da meta atuarial do PPSP, esse movimento permitiu maior aderência à dinâmica do passivo do plano.
Diante da desproporcional concentração da carteira em ativos com liquidez restrita (participações em empresas, Fundos de Investimentos em Participações e imóveis), desalinhada com seus compromissos futuros, ao longo do ano passado houve um movimento significativo de redução da carteira de participações em empresas (renda variável de longo prazo), em linha com a Política de Investimentos do plano. A partir deste trabalho, foi possível diminuir de 48% para 36% a participação de ativos com liquidez restrita, como a venda, por exemplo, da participação em Itaúsa e no FIP Florestal, aumentando a flexibilidade e proporcionando margem de manobra para a gestão ativa da carteira, tanto em renda fixa como em renda variável com liquidez. Ao mesmo tempo, cresceu de 52% para 64% a fatia que representa os ativos líquidos, já considerando o fluxo de caixa para pagamento de benefícios e outras obrigações do plano que, em 2017, foi de R$ 5,1 bilhões, cerca de 40% a mais que no ano anterior.
No resultado do ano, o destaque foi a renda variável (ações negociadas em bolsa, fundos de ações e participações em empresas), que atualmente representa 22% dos recursos do PPSP e teve desempenho de 14,62%, o maior dos últimos oito anos. O segmento foi impulsionado pela carteira de participação mobiliárias (15,39%), em especial os ativos com negociação em bolsa, que avançaram 22,71%. O resultado do segmento, porém, ficou abaixo dos referenciais de mercado IBrX-100 (27,55%) e Ibovespa (26,86%), devido à queda de ações sem negociação em bolsa e à desvalorização dos papéis da BRF.
A renda fixa, que concentra 62% dos ativos do plano, registrou alta de 11,54%. Destaque para os títulos públicos marcados a mercado, sujeitos a oscilações constantes de preços, que tiveram valorização de 12,40%. Também contribuíram para o resultado as debêntures, com forte alta de 21%.
Por outro lado, a carteira de imóveis apresentou rentabilidade negativa de -2,78%, em função de uma vacância de 35% registrada no final do ano, com destaque para a retração da demanda no mercado imobiliário, principalmente no Estado do Rio de Janeiro. Já o segmento de investimentos estruturados, compostos por FIPs, apresentou rentabilidade de 5,91%, ficando abaixo da meta em função de reavaliações econômico-financeiras de ativos que compõem os fundos.
PP-2: renda fixa puxa resultado
O destaque do PP-2 foi a carteira de renda fixa, que representa 81% dos investimentos do plano e encerrou o ano com alta de 9,30%, em função da performance positiva dos títulos públicos, que tiveram valorização de 9,24% de janeiro a dezembro.
Parcela significativa da carteira do plano (63%) está alocada em títulos do governo de longo prazo, que são levados até o vencimento. Embora esses papeis não capturem as oscilações de mercado, têm como garantia retorno acima da meta atuarial. Já os títulos marcados a mercado, que representam 11% dos investimentos do plano, tiveram valorização de 12,74%. As debêntures também registraram bom desempenho, com alta de 11,43% no período.
Contribuíram ainda para o resultado acima da meta os investimentos estruturados, que apresentaram alta de 46,82% em 2017, puxados pela forte valorização do FIP Caixa Barcelona, que investe no IRB Brasil Resseguros e valorizou 128,8% em 2017.
Embora permita alocações em ativos com prazos mais longos, por ser o PP-2 um plano jovem, a estratégia foi aumentar, em função do bom momento do mercado acionário, as aplicações em renda variável líquida. Com isso, as alocações em ações de curto e médio prazos subiram de 1,5%, em dezembro de 2016, para 7,5%, em dezembro de 2017, tendo apresentado retorno de 19,22% e impulsionado a renda variável, que encerrou o ano com alta de 10,92%, a maior dos últimos cinco anos.
Fonte: PETROS