ABUJA (NIGÉRIA) E MILÃO – As petroleiras anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a italiana Eni estão envolvidas em um escândalo de corrupção na Nigéria, acusadas de pagar suborno para conseguir acesso a campos de petróleo do país.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!Procuradores da Justiça italiana afirmam que o diretor-presidente da Eni, Claudio Descalzi, e executivos da Shell participaram de um esquema ilegal para conseguir acesso a campos de petróleo nigerianos. Em 2011, as duas empresas adquiriram o direito de explorar uma área chamada OPL 245, na costa da Nigéria. Até o momento, o campo ainda não registrou produção.
Segundo as autoridades, Descalzi se encontrou com o ex-ministro do Petróleo do país Dan Etete há oito anos, quando ainda não comandava a petroleira italiana, em Milão, para combinar o pagamento de US$ 1,3 bilhão para operar no país.
Os promotores afirmam que a maior parte dos recursos foi desviada para uma empresa de Etete, com os valores utilizados para subornar autoridades locais, e que os executivos sabiam do esquema.
Os procuradores afirmam que o esquema beneficiou inclusive o ex-presidente da Nigéria Goodluck Jonathan, que recebeu propina durante sua presidência, de 2010 a 2015. Ele nega as acusações.
Descalzi será julgado por corrupção internacional e pagamento de propinas em 5 de março, em Milão, junto com o diretor-presidente da Eni na época dos supostos crimes, Paolo Scaroni. Entre os executivos da Shell que enfrentarão as acusações está o ex-diretor de exploração e produção global da época, Malcolm Brinded. Além deles, as empresas também estão sendo processadas.
Eni e Shell negam qualquer irregularidade, afirmando que o pagamento foi direcionado ao governo e que não sabiam que os recursos seriam utilizados para pagamento de propinas. “A Eni e a Shell pagaram o valor pela licença do governo nigeriano”, disse a empresa italiana em comunicado. Um porta-voz da Shell afirmou que a companhia acredita que não há provas para sustentar o processo. “Se as evidências acabarem provando que pagamentos impróprios foram feitos, é posição da Shell de que estes não foram feitos com seu conhecimento, autorização ou em seu nome”, disse.
As duas petroleiras também enfrentam processo pelo caso na Nigéria. A agência para combate a crimes financeiros do país ameaçou cassar as licenças das duas no campo supostamente oferecido ilegalmente.
Descalzi (que em abril foi mantido pelo governo da Itália à frente da companhia como diretor-presidente por mais três anos), Scaroni (que deixou a Eni em 2014) e Brinded (que saiu da Shell em 2012) negam as acusações.
Titular do Ministério do Petróleo da Nigéria em meados da década de 1990, durante o regime do ditador Sani Abacha, Etete tem seu nome envolvido em diversos escândalos de corrupção. Em 2007, ele foi condenado na França por lavagem de dinheiro, tendo sido perdoado pelo crime sete anos mais tarde. Questionado sobre as atuais acusações, o advogado de Etete não quis fazer comentários.
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