Com investimento estimado em US$ 8,4 bi, obras consumiram US$ 14 bi e praticamente nada foi feito
Ramona Ordoñez09/02/18 – 18h55
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), em Itaboraí, vão ter obras retomadas a partir de um acordo da Petrobras com sócio chinês. – Roberto Moreyra / Agência O Globo
RIO – A construção do Complexo Petroquímico do Rio de janeiro ( Comperj) , junto com a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, são os maiores símbolos do caso de corrupção na Petrobras revelada pela Operação Lava-Jato. Do sonho de se transformar no novo “Eldorado” com o Comperj, Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, e municípios vizinhos se transformaram em “terra arrasada” com a paralisação das obras e a demissão de milhares de trabalhadores.
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Em 2008, a Petrobras iniciou as obras de terraplanagem do Comperj, que seria o maior empreendimento industrial das últimas décadas no país, o maior da Petrobras e um dos maiores do mundo no setor. Os investimentos iniciais foram estimados em US$ 8,4 bilhões.
No entanto, foram gastos nas obras superfaturadas um total de US$ 14 bilhões, e praticamente nada foi feito. O projeto se tornou emblemático não só pelo gigantismo, mas pela corrupção e pagamento de propinas. O projeto do Comperj foi conduzido pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos primeiros delatores a revelar o esquema de corrupção na estatal.
Os números do Comperj eram ambiciosos: geraria 200 mil empregos diretos e indiretos, e a refinaria, inicialmente, produziria matéria-prima para a indústria de plástico que se instalaria na região. A cerimônia de início contou com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto, inicialmente petroquímico, incluiria sócios privados e o BNDES. A refinaria processaria até 150 mil barris por dia de petróleo pesado, produzido principalmente na Bacia de Campos. Já por conta da corrupção e das propinas descobertas nos contratos, os custos começaram a se tornar cada vez maiores e o projeto acabou se tornando inviável porque potenciais sócios, como o grupo Ultra, desistiram do negócio.
Depois, a estatal decidiu construir uma refinaria para produção de derivados de petróleo e outra para petroquímica. Em 2012, a estatal reduziu ambições. Ficaria sócom uma refinaria de 165 mil barris por dia para a produção de derivados de petróleo, que ficaria pronta em 2015. É esse projeto da refinaria que a Petrobras vem negociando a possível execução com a CNPC. Em 2015, já depois da deflagração da Operação lava-Jato, a estatal registrou em seu balanço baixa de R$ 5,28 bilhões no valor de ativos em razão da corrupção no Comperj.
A construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que vai processar o gás natural que virá dos campos do pré-sal na Bacia de Santos, no Comperj foi uma das saídas encontradas pela Petrobras para minimizar os elevados prejuízos com o projeto, e aproveitar toda a infraestrutura já existente no local.
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