Esquema de corrupção seria responsável por perdas de até R$ 6 bilhões
Gabriela Valente01/02/18 – 13h45
Primeira Agência dos Correios fica na Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio. Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo
BRASÍLIA – A operação Pausare da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira, tenta apurar um antigo esquema de corrupção no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Os investigadores vasculham documentos para tentar desvendar a corrupção na gestão da diretoria que comandava a entidade em meados dos anos 2000 e seria responsável por perdas de até R$ 6 bilhões para os carteiros.
O caso é tão antigo que já apareceu em outras investigações como a Operação Greenfield (que analisa aplicações financeiras fraudulentas) e até mesmo numa apuração internacional feita pela Securities and Exchange Comission (SEC, a xerife do mercado financeiro americano).
Tudo teria começado quando o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky comandava a entidade. Conhecido como Russo, ele é ligado ao PMDB. E foi um dos alvos da operação desta quinta-feira.
Sob sua gestão, ocorreram as fraudes mais grotescas. Uma das que estão na mira da SEC, por exemplo, é a falsificação de títulos com corretivo escolar. Com tantas fraudes e escândalos, começou uma corrida na Justiça para ver de quem é a culpa e, principalmente, quem pagará a conta dos desvios.
A principal briga é com o Bank of New York Mellon. A instituição foi contratada pelo Postalis justamente para administrar os investimentos feitos com os recursos depositados pelos carteiros. No contrato, o banco dizia ter métodos eficientes de controle das transações financeiras.
José Carlos Oliveira, ex-presidente do banco, é alvo de mandado de prisão preventiva na operação desta quinta-feira. A suspeita de que ele teria favorecido aplicações ruins para os carteiros. O esquema envolvia corretoras que realizavam os negócios.
Na época, a Superintendência de Previdência Complementar (Previc) chegou a pensar em intervir no Postalis. Apesar do volume de evidências, fez apenas uma auditoria. A intervenção veio apenas no fim do ano passado, quando o fundo de pensão já tinha uma nova diretoria e operava com regras novas para tentar recuperar o dinheiro dos carteiros.
https://oglobo.globo.com/economia/entenda-crise-no-postalis-fundo-de-pensao-dos-correios-22353816
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