Os fundos de pensão hoje sócios daVale por meio da holding Litel devem começar a receber as ações da mineradora no começo do ano que vem, após o fim do período de carência de seis meses do acordo que mudou a estrutura acionária da empresa e permitiu que ela entrasse no Novo Mercado.
A partir daí, devem começar a vender os papéis gradualmente, para reduzir sua posição sem pressionar os preços. Previ, Petros Funcef e Fundação Cesp formavam a Litel, que por sua vez participava da Valepar, controladora da Vale, ao lado do Bradesco, da Mitsui e do BNDES. Com reestruturação da empresa, esses investidores passarão a ter participação direta na empresa, mas as ações serão liberadas para os fundos pela Litel gradualmente. O primeiro lote será em fevereiro.
Segundo Gueitiro Genso, presidente do Conselho de Administração da Vale e da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BB) a fundação terá metade das ações da Vale que possui liberadas já em fevereiro. A Vale fez hoje um evento para marcar a migração das suas ações para o Novo Mercado da B3.
A Previ é a maior acionista da Vale, que representa 30% da carteira de renda variável da fundação. “A medida terá impacto grande no fundo, e o novo acordo de acionistas, para tornar a empresa uma corporação de controle pulverizado, vem em linha com nossa política de tornar os ativos líquidos e fazer as companhias terem maior governança corporativa”, explica.
Com isso, poderá vender sua participação no mercado. “O que não será feito de forma desorganizada”, explicou. Segundo ele, a venda, se for feita, será de acordo com os demais sócios que fazem parte hoje do grupo de controle da Vale, que inclui Bradesco e a japonesa Mitsui. “Também não precisamos vender agora, mas precisamos estar com ativos líquidos para quando quisermos vender”, explicou.
Segundo Gueitiro , o acordo de acionistas prevê que o grupo continuará no controle da Vale pelos próximos três anos. Mas já foi decidido que o acordo não será renovado e a empresa passará a ter seu controle pulverizado no mercado. “Por 20 anos formamos o bloco de controle, mas agora a empresa precisa ter capacidade de sobreviver nesse mercado, e o conselho de administração passará a ser o centro das decisões”, afirmou. Por isso, os próximos três anos serão importantes para os acionistas prepararem a estrutura.
Para o presidente da Previ, a entrada da empresa no Novo Mercado deve valorizar as ações da Vale em parte pelo reflexo da boa gestão da governança da companhia e parte pelo acordo de acionistas que torna a empresa uma corporação. “Isso faz a Vale se aproximar dos concorrentes internacionais”, diz.
Gueitiro lembra também que a política de investimentos da Previ definida recentemente determina que a empresa não vai mais participar de blocos de controles de empresas. “Deveremos ter participações menores em empresas menores e por isso vamos dar muito mais importância para a governança, já que seremos minoritários”, lembra. Ele diz que foi com esse pensamento que a Previ entrou na abertura de capital da Petrobras Distribuidora, a BR.