Relação entre Petrobras e BR Distribuidora muda inevitavelmente com IPO, diz Parente

Segundo o presidente da Petrobras, com capital aberto, a BR ganha autonomia de gestão para perseguir resultados melhores e competir no mercado.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, e demais executivos da estatal participa da cerimônia de abertura do capital da BR Distribuidora na bolsa, na sede da B3, em 15 de dezembro de 2017 (Foto: Taís Laporta/G1)

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou durante a cerimonia de abertura das ações da BR Distribuidora na B3, nesta sexta-feira (15), que a relação entre a distribuidora de combustíveis e a petroleira “inevitavelmente” muda e alcança outro patamar com o IPO (oferta pública inicial).

“Como empresa de capital aberto, a empresa tem autonomia de gestão para perseguir melhores resultados e competir em igualdade de condições com as outras distribuidoras no mercado”, declarou.

Parente afirmou também que, para a Petrobras, é imprescindível que a BR seja gerida de maneira profissional e prime pela ética, excelência e rentabilidade de suas operacoes.

Segundo o presidente da estatal, a BR Distribuidora provavelmente tem a “melhor governança corporativa de todas as empresas listadas no novo mercado”.

Durante a cerimônia, Parente também reforçou a meta da Petrobras de entregar US$ 21 bilhões em desinvestimentos e parcerias este ano.

“Cultura de desempenho”

O presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, afirmou que a entrada da empresa no mercado financeiro vai trazer melhorias para a empresa.

Sá declarou ainda que, a partir de agora, a distribuidora passa a ter uma cultura de alto desempenho voltada para resultados e meritocracia dos funcionários, voltada para premiar conforme a entrega de resultados.

“Com toda a visibilidade que teremos [no mercado financeiro] estamos muito preparados para que a gente possa não apenas trabalhar de forma transparente mas bastante colaborativa”, disse o presidente da empresa.

“Estamos muito preparados não apenas trabalhar de forma transparente mas bastante colaborativa”, diz Ivan de Sá, presidente da BR (Foto: Taís Laporta/G1)

R$ 5 bilhões na estreia

A BR conseguiu levantar cerca de R$ 5 bilhões na sua abertura de capital. O preço da ação ficou em R$ 15, o piso da faixa situada entre R$ 15 e R$ 19, indicando que a demanda dos investidores foi menor do que se esperava. Considerando o preço máximo sugerido, a empresa poderia obter até R$ 7,5 bilhões se houvesse alta procura pelos papéis.

Como a oferta inicial de ações foi secundária, ou seja, foram vendidas ações já existentes, pertencentes ao atual acionista, o dinheiro levantado vai para o caixa da Petrobras. A estatal abriu mão de quase 30% de sua participação na empresa e deixou de ser sua única dona. Em troca, vai contabilizar os recursos em seu bilionário plano de venda de ativos para reduzir seu endividamento.

Mesmo assim, os R$ 5 bilhões levantados já fazem deste o maior IPO da bolsa brasileira desde abril de 2013, quando a BB Seguridade, o braço de seguros e previdência do Banco do Brasil, movimentou R$ 11,5 bilhões.

Em julho, o Carrefour levantou R$ 4,9 bilhões em sua oferta inicial de ações (o valor noticiado de R$ 5,1 bilhões foi revisado posteriormente), segundo a B3.

A operação envolveu cerca de 335 milhões de papéis, o que indica que houve venda de um volume adicional de 15% em relação ao principal, que envolvia 291,25 milhões de ações.

“Como empresa de capital aberto, a BR tem autonomia de gestão para perseguir melhores resultados”, diz Parente (Foto: Taís Laporta/G1)

A BR Distribuidora é um dos principais ativos no plano de desinvestimentos da Petrobras que pretende levantar US$ 21 bilhões em 2017 e 2018. Anteriormente, a estatal pretendia vender o controle da empresa a investidores, mas o processo foi suspenso por decisão judicial.

A distribuidora controlada pela Petrobras concorre com a Ipiranga e Raízen, da marca Shell. A companhia é líder de distribuição de combustível no Brasil, com cerca de 8 mil postos em todo o país. No ano passado, faturou R$ 86 bilhões e teve um prejuízo líquido de R$ 315 milhões.

No ano até agosto, a empresa sofreu uma queda nas vendas de 7,6%, com um aumento da competitividade no país, mas manteve a liderança no mercado revendedor de combustíveis, com participação de 24,5%, segundo a BR. Já no mercado de grandes consumidores, a empresa teve participação de 43%.

“A abertura da paridade de importação de óleo diesel durante a maior parte do ano incentivou a entrada de novos players nesse mercado, acirrando ainda mais a concorrência”, disse a empresa em comunicado na quinta-feira (14).

Desde outubro de 2016, a Petrobras vem negociando gasolina e diesel no Brasil a preços de mercado, o que permitiu um aumento do número de empresas que atuam no setor brasileiro e um forte fluxo de importação de produtos para concorrer com a petroleira estatal.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, o presidente da Br Distribuidora, Ivan de Sá, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, e demais executivos da estatal participa da cerimônia de abertura do capital da BR Distribuidora na bolsa, na sede da B3, em 15 de dezembro de 2017 (Foto: Taís Laporta/G1)

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