Participantes questionam plano para cobrir déficit

Por Juliana Schincariol | Do Rio

Participantes e aposentados da Petros se mobilizam contra o plano de equacionamento do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, que pretende sanar o rombo de R$ 27,7 bilhões. Além de reivindicarem que o pagamento extraordinário seja pelo valor mínimo, as associações contestam o montante estipulado pela fundação, que considera, por exemplo, dívidas da patrocinadora ou maus resultados decorrentes de gestão temerária dos planos.

A Associação dos Mantenedores Beneficiários Petros (Ambep) prepara uma ação civil pública para contestar a cobrança como foi estruturada. A entidade aguarda a implementação do plano para entrar com o pedido na justiça. Para o grupo, o equacionamento como foi feito não está correto. Dívidas das patrocinadores e gestões fraudulentas ou temerárias não deveriam entrar nesta conta, disse o diretor Pedro Carvalho.

“Queremos que o plano de equacionamento seja revisto”, disse, acrescentando que os participantes não se incomodariam de pagar valores correspondentes a investimentos que tiveram desempenho ruim por conta da situação econômica. A Ambep tem cerca de 35 mil participantes e 18 mil decidiram participar da ação.

Outra entidade que questiona o plano é o Grupo em Defesa dos Participantes da Petros (Gdpape), que já notificou a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) mais de uma vez. Entre suas alegações está o fato de que o equacionamento foi aprovado sem que tivesse sido concluído o recadastramento que atualiza a base de dados da Petros – algo que está em andamento.

Também questiona os cálculos para atualização da composição da família real, que pressionaram o déficit. A associação quer que o regulador “proceda imediata fiscalização” na fundação. “Diante do impacto e da urgência, que suspenda a entrada do plano de equacionamento até que fique corrigida a base de cálculo e a sua apuração”, diz uma das denúncias.

Ontem, cerca de 250 pessoas, entre funcionários ativos da Petrobras e aposentados, realizaram manifestação em frente à sede da Petros, no centro do Rio, contra o equacionamento. Foi entregue notificação extrajudicial e abaixo-assinado com denúncias e reivindicações. Entre elas, pedem que as patrocinadoras sejam responsabilizadas financeiramente pela designação de gestores acusados de corrupção, por exemplo.

A Petros aguarda aprovação das autoridades competentes para iniciar as contribuições. Ao mesmo tempo, a nova política de investimentos visa dar mais liquidez aos investimentos. “Estamos fazendo o que precisa ser feito para o equacionamento. Não vamos deixar de olhar alternativas. Continuamos preocupados com o peso que é para os participantes”, disse o presidente da Petros, Walter Mendes. Ele disse que vai procurar reduzir o peso das contribuições, mas não pode “vender sonhos”.

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