RIO – Quatro anos depois de ser arrematado no primeiro leilão do pré-sal no regime de partilha, começou neste domingo a produção do primeiro óleo da área gigante de Libra, em águas ultraprofundas a cerca de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, na Bacia de Santos. A produção começou com o início dos Testes de Longa Duração (TLD) por meio do navio-plataforma (FPSO) Pioneiro de Libra.
Libra é operado pelo consórcio liderado pela Petrobras, além dos sócios Shell, Total e as chinesas CNOOC e CNPC. No regime de partilha, a União ficará com uma parcela do óleo que for produzido. Nesse caso, a União vai receber 41,65% do excedente em óleo extraído do campo, após deduzidos todos os custos e os investimentos que forem realizados no desenvolvimento do campo. A expectativa dos técnicos é que a produção de Libra na fase de testes chegue a cerca de 30 mil barris por dia até o início do próximo ano.
O TLD é uma etapa que antecede a produção com um sistema definitivo e serve para avaliar uma série de fatores como o comportamento do reservatório e a produtividade, entre outras coisas. O Pioneiro de Libra tem capacidade de produção de 50 mil barris diários de petróleo e está interligado em um único poço. Os geólogos esperam que o poço mostre uma alta produtividade, considerando que os poços em outros campos no pré-sal, como Lula e Sapinhoá, chegam a produzir cerca de 35 a 40 mil barris por dia cada poço.
O FPSO pioneiro de Libra foi afretado pela Petrobras do consórcio formado pela Odebrecht óleo e Gás (OOG) com a Teekay Offshore Partners, que vai operar a embarcação. O Pioneiro de Libra entra em operação com cerca de um ano de atraso em relação ao cronograma original, por uma série de problemas, tanto na fase de produção quanto após sua chegada ao Brasil. Ainda assim, o início da produção em Libra é considerado um recorde no setor. Isto porque o tempo médio na indústria do petróleo entre o início de desenvolvimento de um campo até o início de sua produção pode chegar a um período de sete anos a dez anos.
A primeira plataforma a operar na área gigante de Libra, onde se estima reservas de até 12 bilhões de barris de petróleo, é do tipo FPSO (flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo), e tem capacidade de operar em até 2.400 metros de profundidade do nível ao fundo do mar.
O consórcio de Libra é operado pela Petrobras com 40% de participação, e tem como sócias a francesa Total e a anglo-holandesa Shell, ambas com 20% do ativo, além das chinesas CNPC e CNOOC, cada uma com 10%.
De acordo com fontes técnicas, a Petrobras entregará em breve à Agência Nacional do Petróleo (ANP) o pedido de declaração de comercialidade do primeiro campo da área de Libra. Esta será a primeira declaração de comercialidade no país depois de Sépia Leste, área da cessão onerosa também no pré-sal na Bacia de Santos, que virou campo em novembro de 2015.
Com o início de produção de petróleo em Libra, o governo pretende acelerar a possibilidade de editar uma medida provisória para que a estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) possa vender óleo da área de Libra e de outras regiões do pré-sal, sob regime de partilha. Isto porque a PPSA é obrigada a contratar um agente comercializador para negociar o petróleo. E com o início dos testes de TLD em libra o primeiro embarque de petróleo produzido na área está previsto para ocorrer no primeiro trimestre de 2018.