Indústria se surpreende com a renúncia do ex-diretor da Petrobras Roberto Moro e já especula substituto
[21.11.2017] 10h00m / Por Cláudia Siqueira
O mercado de petróleo foi pego de surpresa pelo anúncio inesperado, na quinta-feira (16/11), do pedido de renúncia de Roberto Moro da Diretoria de Desenvolvimento da Produção & Tecnologia da Petrobras, em razão de aposentadoria. Segundo apurado, nem mesmo os membros do Conselho de Administração da petroleira tinham conhecimento prévio de que havia em curso um processo de aposentadoria de um executivo da diretoria e que seria necessária substituição de uma das vagas. O comunicado da renúncia ao colegiado foi feito na quinta-feira, poucas horas antes da reunião que nomeou interinamente o diretor de Assuntos Corporativos, Hugo Repsold, agora responsável por acumular as duas áreas.
A questão foi tão inesperada e conduzida com urgência que até o momento nenhum nome foi formalmente encaminhado para avaliação dos comitês internos de background. Embora o regime sucessório na Petrobras seja bem mais severo depois dos escândalos da Lava Jato, envolvendo várias etapas internas de aprovação, a percepção quase consensual é de que em condições “normais” qualquer desligamento no quadro diretor seria anunciado já com a aprovação do nome do substituto.
A última interinidade no quadro diretor da Petrobras por conta de desligamento definitivo foi concedida a Hugo Repsold quando o executivo foi nomeado presidente da companhia no período de transição entre Aldemir Bendine e Pedro Parente. Na ocasião, ele manteve-se no posto de presidente interino apenas por alguns dias.
Ao contrário de outros processos internos de aposentadoria na petroleira, tanto fora quanto dentro da petroleira, ninguém tinha conhecimento do pedido de aposentadoria de Roberto Moro e muito menos sabia que o executivo planejava deixar o cargo, nem sua equipe. A amigos próximos, o executivo chegou a confidenciar há cerca de um ano e meio que pensava em se aposentar futuramente, mas sem levar o assunto adiante. O ex-diretor só informou sua equipe da sua saída na quinta-feira, pela manhã.
Até o início desta semana, o ex-diretor vinha trabalhando normalmente, tanto assim que participou no dia 13 de novembro da coletiva de imprensa do resultado do terceiro trimestre, ao lado do presidente da Petrobras, Pedro Parente, e dos demais diretores, que só foram comunicados da decisão do executivo na terça-feira (13/11). Há poucas semanas, no dia 8 de novembro, o executivo concedeu uma entrevista exclusiva à Brasil Energia Petróleo, na qual falou sobre os projetos de desenvolvimento da produção ligados à sua antiga carteira.
No fim de outubro, Moro nomeou João Henrique Rittershaussen gerente-executivo da área de Sistemas de Superfície, em substituição a Carlos José do Nascimento Travassos , que assumiu interinamente o cargo no lugar de Marco Túlio Machado. Rittershaussen era responsável pela aquisição de bens e serviços para os projetos de Desenvolvimento da Produção, dentro da Diretoria de Assuntos Corporativos.
Ocupando uma das posições de maior relevância na companhia, Moro tinha sob sua tutela nada menos que 17 sistemas de produção para entrar em operação, sendo dez já contratados e sete por contratar. Além da área de Desenvolvimento da produção, o executivo era responsável também pela retomada do projeto do Comperj, cujo processo de licitação foi alvo de críticas do mercado.
Novos nomes
Em meio à surpresa do episódio, já começam a surgir os primeiros nomes de possíveis candidatos ao cargo. A lista de apostas inclui executivos da própria companhia, como o de Hugo Repsold, Solange Guedes – o que envolveria uma troca de cargos entre os diretores atuais – Eberaldo de Almeida Neto, gerente-executivo de Suprimento de Bens e Serviços (Assuntos Corporativos), Cristina Pinho, gerente-executiva de Sistemas Submarinos, e Joelson Falcão Mendes, gerente-executivo de Águas Profundas (E&P).
De forma mais contida, algumas apostas voltam a cogitar nomes já especulados anteriormente para outros postos na companhia, como de Nelson Silva, diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da companhia, e Carlos Alberto Oliveira, gerente geral de Gestão Integrada de Ativos. Fala-se até mesmo no nome do secretário de Petróleo, Gás Natural & Biocombustíveis, Márcio Felix, funcionário de carreira da Petrobras, cedido ao governo.
Apesar da bolsa de apostas e de lista de interessados no cargo, a escolha do nome será feita por Pedro Parente, que retorna ao Brasil nesta terça-feira (21/11). A indicação terá que ser aprovada pelos comitês internos e, posteriormente submetida à apreciação do Conselho de Administração.
Fontes da Petrobras ouvidas pela Brasil Energia Petróleo estimam que a escolha do substituto seja feita ao longo desta semana ou no máximo até a última semana de novembro, sendo que os tramites burocráticos de aprovação devem consumir até duas semanas.
O Conselho de Administração da Petrobras se reúne nesta semana. A expectativa é de que a aprovação no nome do novo diretor seja feita por e-mail ou apenas na reunião do colegiado de dezembro.