A Petrobras é uma das companhias de petróleo e gás que, apesar de ainda dar pouca atenção ao portfólio de energias alternativas, já começou a investir nesse sentido. No momento, a estatal realiza pesquisa e desenvolvimento em energias eólica e solar, além de tecnologias “disruptivas” – ou seja, inéditas na produção de energia.
Apesar de o grande foco continuar sendo na exploração e produção de petróleo, já aparecem iniciativas da companhia. “Considerando a evolução da matriz energética, a companhia aposta em um cenário futuro de transição para a economia de baixo carbono, com o gás natural ocupando posição mais relevante”, afirmou, em resposta a questionamento do Valor, o diretor de desenvolvimento da produção e tecnologia, Roberto Moro. “Esse cenário é bastante propício para o desenvolvimento de projetos de parceria tecnológica com centros de pesquisas, pequenas empresas e ‘startups’.”
Atualmente, o portfólio de ativos geradores de energia alternativa da companhia é pequeno. Ela opera uma usina-piloto de geração fotovoltaica, o chamado “parque solar”, em Alto Rodrigues (RN), com capacidade instalada de 1 megawatt (MW). A unidade fica dentro do terreno da térmica Jesus Soares Pereira.
Para efeito de comparação, uma central hidrelétrica é considerada “mini” se tem potência instalada de até 3 MW.
Entre os projetos, a estatal programou para 2021 a instalação de uma turbina eólica em alto-mar – a primeira do Brasil. A Petrobras quer testar o equipamento e se aproveitar das sinergias que identificou entre o processo e sua atividade de exploração. A empreitada é fruto de uma parceria que a empresa fez com o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGas-ER), no qual mapeou a possibilidade de energia eólica “offshore” no Nordeste do país.
A Petrobras também está pesquisando um ineditismo em geração de energia, que é a produção por meio de algas marinhas – ainda em fase muito inicial.
Outra estatal de petróleo, essa da Noruega, a Statoil deu um passo mais largo em busca de energias alternativas. A gigante pagou US$ 25 milhões para entrar em um projeto de geração solar também no Nordeste brasileiro, chamado Apodi, com participação de 40%. O projeto, de 162 MW, exige investimentos de US$ 215 milhões.
Em geral, boa parte das grandes petroleiras tem evitado investir pesado em energias alternativas, exatamente porque os processos são muito novos. A consultoria Wood Mackenzie calcula que seria necessário gastar US$ 350 bilhões até 2035 em energia solar e eólica para que alcancem a fatia de petróleo.
Mas a francesa Total, por exemplo, criou um departamento de novas energias, no qual alocou a SunPower, que adquiriu há cinco anos por US$ 1,4 bilhão. A anglo-holandesa Royal Dutch Shell criou uma divisão semelhante em 2016 e acredita que vai gastar US$ 1 bilhão por ano na área até 2020.