Encorajar denúncias de irregularidades pode salvar empresas
Batizado de “Dieselgate”, o recente escândalo que abalou a credibilidade da Volkswagen, acusada de manipular testes de emissões de gases em 11 milhões de veículos movidos a diesel nos Estados Unidos, chamou a atenção de especialistas por um detalhe: funcionários da empresa tinham conhecimento do problema antes que viesse à tona (graças a uma investigação federal), mas optaram pelo silêncio para, eventualmente, não se prejudicar. E não se trata de um fato localizado: estudo da Ashridge Executive Education, da Inglaterra, que envolveu entrevistas com mais de 60 executivos durante dois anos, constatou que a falta de incentivo e apoio para que funcionários denunciem irregularidades ocorridas no local de trabalho é uma tendência ainda dominante no mundo, gerando grandes prejuízos aos negócios no longo prazo.
E não basta o chefe usar clichês, como “minha porta está sempre aberta” para ouvir denúncias, ignorando, porém, o fato de que “verdade” e “poder” estão intimamente conectados, e alguém simplesmente não falará a verdade se não se sentir seguro para fazê-lo. Portanto, sugere o estudo, deve-se adotar uma política que garanta a segurança e a estabilidade do funcionário que desejar revelar algum fato incômodo. O líder deve desenvolver habilidades para permitir que os outros desabafem sem medo, demonstrando claramente sua disposição em ouvir sem sinalizar má vontade ou intimidação. E a prática de ouvir relatos deve ser rotineira e não excepcional, em mais uma política de encorajamento da verdade.