Roberto Gonçalves é acusado de participar de esquema que envolveu R$ 56 milhões em propinas
Juliana Arreguy25/09/17 – 12h33
Ex-gerente da Petrobras, Roberto Gonçalves, foi preso na Operação Paralelo (28/03/2017) – Geraldo Bubniak / Agência O Globo
SÃO PAULO – O juiz Sergio Moro condenou o ex-gerente da Petrobras, Roberto Gonçalves, a 15 anos e dois meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Gonçalves, que sucedeu a Pedro Barusco como gerente executivo da Área de Engenharia e Serviços no período entre março de 2011 e maio de 2012, foi preso em março, na 39ª fase da Operação Lava-Jato. A sentença, divulgada na manhã desta segunda-feira, também condena outras quatro pessoas.
A denúncia, aceita em abril deste ano, indica que executivos das empreiteiras Odebrecht e UTC pagaram R$ 56 milhões em propinas a Gonçalves e ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque, em troca de contratos.
Os valores foram pagos em dois contratos celebrados pela Petrobras em duas obras diferentes no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O primeiro contrato, com o consórcio Pipe Rack (Odebrecht, UTC, Mendes Junior), teria rendido uma propina de R$ 18,6 milhões. No segundo, obtido pelo consórcio formado pela Odebrecht, UTC e PPI, os valores chegaram a R$ 38,2 milhões.
Na decisão, Moro diz ter provas “acima de qualquer dúvida razoável” que Gonçalves recebeu propina com a celebração dos contratos.
Os outros condenados são Walmir Pinheiro Santana, ex-diretor financeiro da UTC Engenharia; Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo, ex-diretores da Odebrecht; e Olívio Rodrigues Júnior, também ligado à empreiteira.
À exceção de Santana, condenado a oito anos de reclusão, todos eles receberam penas de sete anos e seis meses em regime fechado.
Gonçalves assumiu o cargo em março de 2011 e teria participado do acerto de propinas. As empreiteiras Odebrecht e UTC negociavam separadamente o pagamento de sua parte das vantagens ao ex-gerente. Gonçalves teria recebido os valores em contas na Suíça em que figurava com beneficiário. Entre junho de 2011 a junho de 2012, recebeu US$ 2,9 milhões de dólares em depósitos provenientes de contas ligadas à Odebrecht.
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