GRU AIPORT (INVEPAR 40,8%) – REGRA CONTÁBIL É A PRINCIPAL CAUSA DA MELHORIA DOS NÚMEROS DE GUARULHOS NO 2º TRIMESTRE

O prejuízo da GRU Airport, concessionária do aeroporto de S. Paulo – Guarulhos, da qual a Invepar detém uma fatia de 40,8%, ​diminuiu​  de R$206 milhões no 1º trimestre de 2017 para R$124 milhões no 2º, totalizando R$3,051 bilhões de prejuízos acumulados desde o início da concessão. O lucro bruto contribuiu com apenas R$15 milhões para essa exuberante melhoria. O que explica a maior parte do corte no prejuízo é a redução da correção monetária do saldo da outorga fixa, devida à queda da inflação. O cálculo dessa correção entra no resultado como custo financeiro, mas não tem influência sobre o caixa.
 
Por outro lado, no cálculo do resultado a amortização da outorga fixa, que em 2017 corresponde a R$1,139 bilhão, não é apropriada pelo seu valor real, mas numa proporção que depende da evolução da curva de passageiros prevista no contrato de concessão. Nessa fase do contrato, isso ajuda a suavizar o prejuízo. Caso o pagamento da outorga fosse apropriado a cada trimestre pelo valor proporcional ao montante anual, o prejuízo acumulado no ano saltaria dos R$330 milhões registrados nas demonstrações do 2º trimestre para R$600 milhões, número que representa com boa aproximação a real insuficiência da geração de caixa face às obrigações da concessionária nesta fase do contrato.
Para se ter uma ideia do tamanho desse buraco, basta citar que a receita líquida no mesmo período foi de R$830 milhões. O faturamento da concessionária teria que aumentar, a grosso modo, 72% para cobrir os custos reais, o que é uma ululante impossibilidade.
Resta lembrar que a GRU Airport negociou com o poder concedente o parcelamento do pagamento da outorga fixa. Isto alivia a pressão sobre o caixa, permitindo que a concessionária continue a operar. Antes de entrar nesse jogo perigoso, seria indispensável verificar se há alguma possibilidade razoável de que esse negócio venha a equilibrar seus custos no futuro e recuperar os prejuízos acumulados. É acaciano: quanto mais se teima em manter um negócio inviável, maior será o prejuízo.
A concessionária de Viracopos já jogou a toalha. A GRU Airport não dá sinal disso, talvez porque, segundo consta reiteradamente nos pareceres dos auditores das demonstrações financeiras, “a Companhia também conta com o suporte financeiro dos seus acionistas para fazer frente aos compromissos de caixa e reequilíbrio do capital circulante líquido.” A Petros está entre esses acionistas, com participação indireta de 10,2% no capital da concessionária. É indispensável perguntar para os donos da Petros se eles concordam em continuar a colocar seus recursos nessa arriscada aventura.