Judas protestando contra a crucificação de Jesus

EM DEFESA DE JUDAS ISCARIOTES

Após décadas de convivência forçada, os petroleiros estão calejados com a desfaçatez e o cinismo mentiroso da execrável Federação Única dos Petroleiros, filhote da não menos abjeta CUT.

Mesmo assim, ainda nos resta capacidade de indignação e revolta contra os atos repugnantes praticados sem o menor resquício de pudor pelos que reinam sobre uma das categorias obreiras mais relevantes do país.

Acordamos hoje com a notícia de que a CUT/ FUP patrocina um ato de protesto contra o equacionamento do déficit do Plano Petros do Sistema Petrobras, que recairá sobre os ombros dos participantes ativos e assistidos.

Trata-se de Judas protestando contra a crucificação de Jesus.

Esses mesmos personagens encastelaram-se na Petros em 2003, ocupando presidência, diretorias e conselhos e, só foram arrancados de lá em 2016, deixando como herança um rombo de 26 bilhões de reais.

Enquanto lá estiveram, empurraram goela abaixo dos petroleiros, usando dos mais torpes recursos de assédio moral, uma repactuação que envolvia, pelo lado dos participantes da Petros, perda de direitos; e, pelo lado da patrocinadora, perdão da metade da dívida periciada que a mesma tinha com o fundo de pensão. Um acordo equilibrado, como se vê. Houve os que resistiram, não embarcando nessa canoa furada. O passar dos anos, então, evidenciou a desvantagem em que ficaram os repactuantes. Não tiveram dúvida: para se salvar da ira dos enganados, arranjaram com a patrocinadora, dominada e igualmente espoliada pela mesma turma, um acordo em que os repactuantes obtinham aquilo a que haviam renunciado. O custo foi apropriado diretamente no déficit que agora será cobrado dos participantes, transformando o “acordo” em mais uma pantomima patrocinada pela abominável FUP.

Mas não pararam por aí. Enquanto dominaram a Petros praticaram a gestão de patrimônio mais incompetente, negligente e irresponsável de que se tem notícia. Por influência política, praticaram uma operação que, isoladamente, é responsável por 10% do déficit apurado. São mais de 2 bilhões de reais perdidos numa negociata feita com a notória Camargo Corrêa para proporcionar a comparativamente pífia quantia de 8,5 milhões de reais para a campanha eleitoral do PT em 2010, conforme denunciado na imprensa.

E foram além. Colocaram o dinheiro dos participantes em dezenas de investimentos financeiros temerários que resultaram em perda bilionária. Investiram em dezenas de fundos de participações em empreendimentos, sem que a Petros tivesse a menor estrutura para acompanhar sua gestão e desempenho, infligindo perdas imensas ao patrimônio coletivo. Formaram uma portentosa carteira de investimentos em participações acionárias relevantes, transformando uma carteira que deve ter como característica primeira a liquidez numa manada de elefantes brancos. Quando a ilíquida carteira começou a fazer água, fizeram o que sabiam fazer: nada. Os participantes perderam bilhões e bilhões de reais na volatilidade da bolsa, engrossando o déficit que amargamente começaremos a pagar daqui a alguns meses. Não só compraram participações imensas, como compraram péssimas participações imensas. Lupatech e  Brasil Pharma são apenas dois exemplos de investimentos injustificáveis que, juntos,  representam um bilhão de reais em perdas.

Investiram também em negócios de interesse do governo e patrocinadora, cujo alto tempo de maturação e baixa liquidez os tornam totalmente incompatíveis com as necessidades de um plano em extinção como o plano do Sistema Petrobras. Além disso, esses investimentos se revelaram problemáticos: Sete Brasil, com perda total de mais de dois bilhões de reais em valores atualizados; Belo Monte, investimento do PAC,  cuja rentabilidade hoje está, mesmo na expectativa otimista, abaixo da meta de rentabilidade; Invepar, companhia gerida a até bem pouco pela suspeitíssima OAS, que carrega concessões problemáticas como Guarulhos, Raposo Tavares e BR 040. Nenhum desses investimentos proporcionou qualquer retorno. Dadas as suas características, e as necessidades do plano a que pertencem, a única saída visível para a Petros é vender sua participação neles, pelo valor que puder apurar. Sete Brasil já deu perda total e Belo Monte já está avaliada pela terça parte do que foi investido, considerado seu valor histórico.

Para completar o quadro, nunca se preocuparam em cobrar nenhuma dívida da patrocinadora. Nesse particular, é escandaloso que a Petros não tenha cobrado da Petrobras sua parte, líquida, certa e agora reconhecida, no regresso das ações movidas pelos participantes. Só aí são quatro bilhões de reais que a gestão Cut fupista negligenciou.

São os que fizeram isso com o patrimônio dos petroleiros que vêm agora protestar na porta da Petros. Certamente vão culpar Temer, Parente e os atuais dirigentes pela destruição que eles mesmos promoveram.

Judas Iscariotes, pelo menos, reconheceu sua culpa e teve caráter suficiente para por fim à própria vida. Uma pessoa muito respeitável, comparado aos que estão convocando os petroleiros a protestar na porta da Petros.