Fundo de pensão Petros terá taxa extra para cobrir déficit
Funcionários da Petrobrás vão começar a pagar a contribuição em janeiro; rombo de R$ 17 bi a R$ 24 bi será dividido com a estatal
Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo
14 Junho 2017 | 05h00
RIO – Funcionários e aposentados da Petrobrás, além da própria estatal, vão começar a pagar em janeiro pelo déficit bilionário acumulado pela fundação de seguridade social dos empregados da petroleira, a Petros. A contribuição extra, que deve ser quitada ao longo de vários anos, será de R$ 17 bilhões a R$ 24 bilhões, afirmou o presidente da Petros, Walter Mendes, em entrevista exclusiva ao ‘Estadão/Broadcast’.
O executivo adiantou que a intenção é cobrar dos contribuintes valor superior ao piso de R$ 17 bilhões, para evitar novos plano de ajuste de contas caso a Petros volte a registrar déficits. Em dezembro do ano passado, faltaram R$ 26 bilhões para fechar as contas. O plano de equacionamento do déficit deve ser comunicado aos participantes em novembro, mas a cobrança, inclusive de aposentados, só vai acontecer após 60 dias. Metade da conta será paga pela Petrobrás e a outra metade, pelos seus funcionários.
Defesa. Em teleconferência para apresentar o resultado de 2016 aos participantes, Mendes afirmou que a fundação apresentou sete notificações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apontando irregularidades na atividade de administradores e gestores de fundos estruturados. Além disso, afirmou, a Petros está “contratando escritório de advocacia para tomar as medidas cabíveis contra as partes apontadas em relatórios de auditorias externas”.
Assim, vai buscar o ressarcimento por possíveis desvios de recursos e a defesa da imagem da fundação. “Nem sempre o ressarcimento será possível. Nem sempre os ativos têm valor para ressarcir todo investimento feito. Existe um volume grande de investimentos que está a zero no nosso balanço. Outros vão perdendo valor ao longo do tempo”, afirmou. Ele acrescentou ainda que há a expectativa de alguma recuperação de investimentos estruturados, “mas, infelizmente, não é muita”.
Hoje, a Petros não possui exposição à JBS, informou. O último lote de ações foi vendido em janeiro deste ano. Mendes nega que tenha abandonado o investimento prevendo o envolvimento da empresa na Lava Jato. A ideia, segundo ele, era reduzir a participação da renda variável no PPSP. “Não prevíamos problema. A gente pode ter atirado no que viu e acertado no que não viu”, afirmou.