SÃO PAULO – O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse em delação premiada que o procurador Ângelo Goulart Villela, que integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, recebeu uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil por mês em troca de ajuda no caso. A operação investiga fraudes nos maiores fundos de pensão do país — dois desses fundos, Petros e Funcef, são acionistas indiretos da Eldorado Brasil, produtora de celulose do grupo JBS.
Conforme o empresário, após sofrer uma medida judicial em decorrência da operação, ele e seu advogado, Francisco de Assis e Silva, foram apresentados ao advogado Willer Tomaz, que dizia ter proximidade com o juiz Ricardo Soares Leite, que seria o substituto da 10ª Vara Federal, onde tramita o caso.
Tomaz acabou contratado por R$ 8 milhões para atuar nesse caso e disse a Joesley que um amigo, o procurador Vilella, seria incorporado à Greenfield — segundo o empresário, a nomeação de Villela foi informada em mensagem no Whatsapp por Tomaz a Assis e Silva.
Segundo informação de Tomaz, Villela teve como seu primeiro compromisso de trabalho justamente o depoimento de Mário Celso Lopes, ex-sócio dos Batista na Eldorado Brasil, ao procurador Anselmo Cordeiro Lopes, responsável pela Greenfield. Conforme Joesley, Vilella, que foi preso ontem, enviou a gravação de toda a audiência com Lopes a Tomaz.
Após esse episódio, Tomaz informou a Joesley que pagaria R$ 50 mil por mês ao procurador a título de “ajuda de custo” pela atuação no caso. Além da audiência com Lopes, Tomaz teve acesso a outras informações relativas a decisões do juiz Ricardo Soares Leite, conforme Joesley.
O empresário levantou suspeitas ainda sobre possível vazamento de sua conversa inicial com a Procuradoria-Geral da República (PGR) acerca da delação premiada. Após o primeiro contato dos Batista com a PGR, Tomaz teria telefonado para Assis e Silva, “bastante nervoso”, e relatado “coisas pertinentes da reunião”.
A partir desse episódio, várias pessoas do PMDB, “turma do Senado”, se afastaram do empresário e a história da delação “correu em Brasília”. O empresário contou ainda que “ouviu dizer que Tomaz teria relações com o PMDB do Senado, que ficou receoso com o fato de o procurador da força-tarefa da Greenfield poder estar vazando informações”, e pediu, então, que Assis e Silva informasse ao procurador Anselmo que alguém de sua equipe estava vazando informações sobre a operação.
Em relação às afirmações feitas ao presidente Michel Temer (PMDB) — de que havia comprado um procurador, “acertado o juiz” e tentado substituir um procurador (no caso Anselmo, responsável pela Greenfield) —, Joesley afirmou em termo de colaboração que em relação a Anselmo fez uma “bravata”.
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