Brasília – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nos pedidos feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF) que está perplexo com o fato de os pagamentos de propinas continuarem ocorrendo apesar das investigações da Operação Lava-Jato, envolvendo as mais altas autoridades do país. “Isso demonstra que o esperado efeito depurador e dissuasório das investigações e da atuação do Poder Judiciário lamentavelmente não vem ocorrendo e a espiral de condutas reprováveis continua em marcha nos mesmos termos e com a mesma ou maior intensidade e desfaçatez”, disse.
Nesta quinta-feira, uma nova fase da Lava-Jato foi deflagrada, com autorização do Supremo para cumprir 41 mandados de busca e apreensão e oito de prisão preventiva solicitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em “material comprobatório apresentado por pessoas ligadas ao grupo J&F”, holding que controla a JBS. As diligências foram cumpridas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Paraná, além do Distrito Federal.
Os fatos delatados pelos sócios da JBS Joesley e Wesley Batista, de que o presidente Michel Temer foi gravado dando aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (preso na Lava-Jato), ocorreram este ano, diz Janot. Outra gravação é referente ao senador Aécio Neves, que pediu à empresa R$ 2 milhões para pagar sua defesa na Lava-Jato. A PGR pediu a prisão do tucano, mas o relator da operação no STF, ministro Edson Fachin, negou.
Nas buscas, foram apreendidos documentos, livros contábeis e fiscais, arquivos eletrônicos, telefones celulares e objetos que possam ter relação com os supostos crimes, para reforçar o conjunto de provas. Os fatos podem caracterizar crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, elenca a PGR.
“Os elementos de prova revelam que alguns políticos continuam a utilizar a estrutura partidária e o cargo para cometerem crimes em prejuízo do Estado e da sociedade. Com o estabelecimento de tarefas definidas, o núcleo político da organização criminosa investigada na Operação Lava-Jato promove interações diversas com agentes econômicos, com o objetivo de obter vantagens ilícitas, por meio da prática de crimes, sobretudo a corrupção”, afirmou Janot nos pedidos feitos ao STF.
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