EM ANEXO O DESPACHO DO JUÍZ SÉRGIO MORO
Delegada Renata da Silva Domingues, da força-tarefa da Lava Jato que nesta quinta, 4, deflagrou sua fase 40, aponta para ‘audácia’ de ex-gerentes da estatal que teriam recebido propinas milionárias até julho de 2016, mesmo com a operação em curso
A delegada de Polícia Federal Renata da Silva Domingues declarou nesta quinta-feira, 4, que a Lava Jato descobriu ‘um novo núcleo de corrupção na Petrobrás’. Renata faz parte da força-tarefa da operação que deflagrou sua fase 40 e prendeu Márcio de Almeida Ferreira, ex-gerente da Petrobrás na área de Gás e Energia, além do empresários Marivaldo do Rozário Escalfone e Paulo Roberto Gomes Fernandes.
Alvo de condução coercitiva, um ex-funcionário, Davi Schmidt, teria atuado como contato entre as empresas e os ex-gerentes da estatal. “Nenhum deles trabalha na Petrobrás, o último saiu em 2016, o executivo é Davi Schmidt e atuaria no mesmo âmbito hierárquico, que fez contatos entre a empresa Akyzo e os funcionários de carreira da Petrobrás”, disse a delegada.
“Eles continuavam a receber mesmo após suas saídas, como se tivessem um saldo de propinas a receber e dessa forma não chamar a atenção”, informou Renata.
Um ex-gerente, Márcio de Almeida Ferreira, teria recebido R$ 48 milhões em propinas. A PF apurou que R$ 14 milhões chegaram a ser repatriados, ‘inclusive foram pagos em forma de impostos para a Receita Federal”.
A delegada classificou a ação do grupo como ‘audácia’, porque o esquema foi mantido mesmo após as investigações da Lava Jato terem início em março de 2014. “Surpreende a audácia de terem continuado esses pagamentos e que tenham se beneficiado desses valores sem ter algum pudor”, disse.
Os contratos investigados pela força-tarefa foram firmados com a Petrobrás pelas empresas Lideol e Akyzo, que seriam de fachada, e envolveriam no total cerca de R$ 5 bilhões, com obras do Gasoduto Campinas Rio; Catu Pilar; Gastal Urucu Manaus; GNL Bahia dá Guanabara; GNL Pier de Pecém; Terminal de Angra dos Reis; Barra dos Riachos; Terminal Aquoviario Ilha Comprida.
A delegada disse que eles acreditavam na ‘impunidade’.
“Acreditavam que (impunidade), a Lava Jato chamou atenção para a Petrobrás, mas ainda assim viram que isso não poderia chegar até eles.”
“Os contratos entre a Petrobrás e as empresas são de datas anteriores à Lava Jato, mas muitos se prolongaram por aditivos e outras formas conhecidas”, destacou a delegada.
VEJA O ANEXO – DESPACHO/DECISÃO DO JUÍZ SÉRGIO MORO