Odebrecht relata detalhes da venda da Ipiranga

Negócio envolveu compromissos assumidos por Lula

A venda do grupo Ipiranga em 2007 teria passado por acertos de bastidores que incluíram compromissos assumidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci com a Odebrecht. De acordo com depoimentos do empresário Emílio Odebrecht (foto) e do ex-diretor de relações de institucionais Alexandrino de Alencar, haveria a garantia, desde 2002, de que um futuro governo do PT não impediria a privatização e a concentração da petroquímica no país. A Odebrecht temia que o PT reforçasse o papel da Petrobras na petroquímica, setor que passaria a ser prioridade da estatal. Emílio relata que, em 2001, Lula teria assegurado que não haveria interferência na privatização. Se a posição de Lula fosse diferente, a intenção seria não autorizar contribuições do grupo para a campanha do partido em 2012. Mas Emilio não afirma que, neste encontro, teria condicionado ajuda financeira ao compromisso. Meses depois, Lula teria pedido contribuição e indicado que Palocci trataria do assunto.

Um dos episódios em que teria ocorrido intervenção de Lula foi em 2005, quando o então presidente teria agido para que a Petrobras, por meio do seu braço no segmento, a Petroquisa, não comprasse a Ipiranga Petroquímica (IPQ) – um dos negócios do grupo gaúcho, que também tinha postos de combustíveis e uma refinaria. A Braskem tinha unidades no polo petroquímico de Triunfo, assim como a IPQ, e as duas, com a Petroquisa, eram sócias na Copesul, central de matérias-primas do complexo. Se a Petroquisa adquirisse a IPQ, também controlaria a operação mais importante do polo. “Deixamos claro ao candidato Lula que o setor petroquímico era prioritário para a Odebrecht, considerada a joia da coroa para o grupo”, relatou Alexandrino de Alencar aos procuradores. O ex-executivo relata que, em 2006, a Odebrecht usou sua influência para barrar os planos da Petrobras. “A solução encontrada pela companhia foi incluir o assunto na pauta das reuniões com o presidente Lula e Palocci, para que nos auxiliassem a convencer a Petrobras a adquirir a Ipiranga em parceria conosco e com o grupo Ultra, o que efetivamente ocorreu a partir de 2007”, revela um dos anexos do depoimento de Alencar.

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