Quadrilhas alteram gasolina em Curitiba e São Paulo

03/04/17 07:24
Adulteração. Em alguns postos de Curitiba, gasolina tinha até 69% de álcool Foto: Márcia Foletto

RIO – Uma quadrilha organizada adulterava combustíveis em vários postos no Paraná e em São Paulo. Uma reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, exibida ontem, mostrou que postos revendedores em Curitiba vendiam gasolina com mais álcool do que o permitido. Em outros, as fiscalizações feitas pela Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC) encontraram bombas adulteradas que marcavam um volume maior do que o efetivamente fornecido ao consumidor. Outra fraude encontrada foi a mistura, em alguns casos, de até 56% de metanol na gasolina, um produto altamente tóxico para o ser humano e que causa danos aos motores dos automóveis.

GRUPO DE PODER ECONÔMICO

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner de Oliveira, disse à reportagem que são quadrilhas com poder econômico muito grande.

A reportagem mostra que, apesar de vários postos terem cartazes garantindo a qualidade dos combustíveis, testes de laboratórios revelam que quem abastece nesses locais foi enganado na quantidade e na qualidade do combustível.

Em um dos postos, a gasolina continha 69% de álcool, quando o máximo permitido é 27%, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Para se ter uma ideia do tamanho da fraude, representantes do setor estimam que, dos 40 mil postos do país, 1.200 vendem combustível adulterado, diz a reportagem.

Nas duas últimas semanas, a equipe do “Fantástico” acompanhou os trabalhos da ABCFC. Durante as gravações, Fabrízzio Machado da Silva, que era presidente da associação, foi assassinado a tiros quando chegava em casa em Curitiba.

O “Fantástico” foi com a ABCFC a três postos da Região Metropolitana de Curitiba que já tinham sido flagrados com adulterações. No posto Rubi — onde, nas duas vezes em que houve fiscalização, foram encontrados indícios de fraudes — identificou-se, novamente, adulteração. Os outros dois são Colina e Midas, em Curitiba. Neste último, a gasolina tinha 49% de álcool.

Nas três unidades repetiu-se outro problema, segundo a reportagem: entrava no tanque menos combustível do que o registrado na bomba e pago pelo consumidor. Neste tipo de fraude, o sistema da bomba é adulterado, e o golpista pratica a irregularidade quando quer, usando um controle remoto. Este tipo de fraude também foi identificada no posto Via Aeroporto, em Curitiba, durante fiscalização em fevereiro.

OITO SUSPEITOS FORAM PRESOS

No posto Rubi, a bomba marcou 38,4 litros, mas apenas 36,7 litros entraram no tanque — 4% menos. Mas as investigações revelaram que a diferença entre o volume de combustível abastecido e o indicado nas bombas foi, em média, de 10%. Assim, exemplifica a reportagem, se um posto tem 200 mil litros de gasolina e retém 10%, considerando o valor médio de R$ 3,27 por litro, há um ganho de R$ 65,5 mil de forma ilícita.

A associação apresentou denúncia ao Ministério Público contra nove postos de Curitiba e da Região Metropolitana. A Polícia Civil do Paraná entrou na investigação da operação batizada de Pane Seca. Na semana passada, a Justiça fechou os postos denunciados, entre eles, os quatro citados na reportagem. Oito suspeitos chegaram a ser presos, mas respondem em liberdade.

Os casos estão sendo investigados por Polícia Civil e Ministério Público.

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