Eldorado Brasil terá de refazer investigação interna supervisionada pela Petros e Funcef

Eldorado Brasil terá de refazer investigação interna

SÃO PAULO – A Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto controlada pela J&F Investimentos, terá de refazer uma investigação interna relativa a supostas irregularidades na companhia relacionadas à Operação Greenfield, que apura fraudes em quatro dos maiores fundos de pensão do país. Funcef, dos funcionários da Caixa, e Petros, da Petrobras, têm participação acionária indireta de 8,53% cada na companhia.

A informação consta de fato relevante encaminhado pela Eldorado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no sábado. Em decisão de sexta-feira, o juiz Wallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, afastou o empresário Joesley Batista da presidência do conselho de administração da companhia.

O magistrado também concedeu prazo de cinco dias para que o presidente José Carlos Grubisich apresente sua defesa e não seja afastado do cargo e determinou a realização de uma nova investigação independente, supervisionada por uma comissão composta por um membro indicado pela Funcef, outro pela Petros e um terceiro membro de “reputação ilibada e notável experiência em investigação independente a ser indicado pela própria companhia”.

Após a Operação Greenfield, a Eldorado deu início a uma apuração interna, com a contratação da Ernst & Young e do escritório Veirano Advogados. Além disso, constituiu um comitê interno de acompanhamento, formado pelo conselheiro independente Miguel Jorge (ex-ministro), Daniel Pitta e Fabiana Blasiis (do jurídico da companhia) e por Grubisich.

No entendimento do Ministério Público Federal (MPF), que pediu à Justiça o afastamento de toda a diretoria da Eldorado, a independência da apuração interna foi comprometida.

A auditoria constatou que a Eldorado fez pagamentos no valor de R$ 37,4 milhões entre 2012 e 2014 às empresas Viscaya e Araguaia, do doleiro Lúcio Funaro, que está preso e é réu na Operação Lava-Jato. Para justificar a ausência de contratos entre a Eldorado e as empresas de Funaro, a auditoria interna alega que a Eldorado, na condição de devedora da J&F, pagou à Viscaya e à Araguaia por contratos firmados pela controladora.

O MPF suspeita de lavagem de dinheiro nessa triangulação. Em entrevista ao Valor em fevereiro, Grubisich alegou que a empresa fez “o que é certo do jeito certo”.

Os resultados da auditoria serão formalmente conhecidos junto com as demonstrações financeiras da Eldorado relativas a 2016. O balanço deveria ter sido publicado até 31 de março, mas acabou adiado porque os trabalhos dos auditores independentes ainda não terminaram.

O juiz também determinou que a Eldorado dê abertura “total e perene” de informações e documentos em favor dos fundos de pensão, com o objetivo de permitir que estes conduzam “ampla auditoria, due diligence e investigação sobre fatos referentes a todo o período de existência da empresa”. “A companhia informa que irá cumprir a decisão judicial em questão e que irá apresentar os recursos cabíveis, no que entender necessário, ressaltando que continua à disposição da Justiça visando ao esclarecimento dos fatos”, diz o fato relevante.

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