(Atualizada às 19h30) A Petrobras terminou o quarto trimestre de 2016 com lucro líquido de R$ 2,5 bilhões, ante o prejuízo de R$ 36,9 bilhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior, que havia sido pressionando, principalmente, pela baixa contábil por “impairment” de ativos. Em 2016, no entanto, a empresa registrou prejuízo.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!O balanço da companhia refletiu questões como uma redução de 25% nas despesas financeiras, um aumento de 12% nas exportações e a retração de 6% de despesas com vendas, gerais e administrativas. A companhia registrou ainda um ganho de capital bruto de R$ 2,947 bilhões com a venda da participação no bloco de Carcará (BM-S-8) para a Statoil.
A receita da estatal somou R$ 70,489 bilhões no trimestre, queda de 17,2%, ante a receita de R$ 85,1 bilhões do mesmo intervalo de 2015.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) teve aumento de 31% no trimestre, para R$ 24,8 bilhões, ante os R$ 17,064 bilhões dos últimos três meses do ano anterior.
Ano
No acumulado de 2016, a Petrobras registrou prejuízo líquido de R$ 14,824 bilhões, ante a perda de R$ 34,8 bilhões em 2015. Esse foi o terceiro ano seguido que a estatal fechou no vermelho, mais uma vez refletindo baixas contábeis por impairment.
Com isso, será o terceiro ano seguido em que a Petrobras não paga dividendos aos seus acionistas.
“Não vamos pagar dividendos, embora seja o desejo da empresa fazê-lo o mais rápido possível”, disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Segundo ele, “já é precificado” que a lei específica do setor, a chamada Lei do Petróleo, se sobrepõe às regras da Lei das S.A. no que concerne ao tema de dividendos.
A sequência negativa da companhia começou em 2014, primeiro ano que a estatal sofreu os efeitos das investigações da Operação Lava-Jato — que completou três anos na semana passada —, quando a Petrobras apurou prejuízo anual de R$ 21,6 bilhões.
Também foi em 2014 que os preços internacionais do petróleo sofreram uma queda brusca, e persistem na faixa de US$ 50 o barril desde então.
No ano passado, a receita líquida da companhia somou R$ 282,589 bilhões, queda de 12% ante os R$ 321,6 bilhões de 2015.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) tiveram alta de 16%, para R$ 88,9 bilhões.
Investimento
A Petrobras investiu um total de R$ 14,06 bilhões no quarto trimestre do ano, queda de 32,5% na comparação anual. No ano, a estatal investiu R$ 55,3 bilhões, queda de 27% ante os R$ 76,3 bilhões investidos em 2015.
Desde 2015, a companhia vem apresentando cortes em seu Plano de Negócios e Gestão, para se adequar aos patamares de câmbio e do preço do petróleo. Em setembro, foi apresentado o novo plano de negócios, que prevê investimentos de US$ 74,1 bilhões entre 2017 e 2021.
A Petrobras informou ainda que recebeu R$ 4,829 bilhões em recursos resultantes da venda de ativos no quarto trimestre, chegando a um total de R$ 7,231 bilhões em 2016. A estatal tinha como plano se desfazer de US$ 15,1 bilhões em ativos entre 2015 e 2016.
Caixa
A geração de caixa operacional da companhia somou R$ 23,744 bilhões no quarto trimestre de 2016, queda de 6,4% na comparação anual. Em 2016, a estatal gerou R$ 89,7 bilhões em caixa. Ao fim do ano, a Petrobras tinha R$ 71,664 bilhões em caixa, ante R$ 100,8 bilhões ao fim de 2015.
O resultado financeiro líquido da companhia foi negativo em R$ 5,3 bilhões no trimestre, refletindo receitas financeiras da ordem de R$ 797 milhões e despesas de R$ 5,721 bilhões, além do efeito de câmbio, negativo em R$ 385 milhões.
No quarto trimestre de 2015, o resultado financeiro havia sido um dos principais fatores pressionando a companhia. A linha veio negativa em R$ 4,9 bilhões no período, ante o resultado negativo de R$ 1,8 bilhão do mesmo período de 2014. Com isso, o resultado financeiro de 2015 foi negativo em R$ 28 bilhões, ante R$ 3,9 bilhões em perdas em 2014.
Exploração e produção
A área de Exploração e Produção da Petrobras terminou o quarto trimestre do ano passado com resultado líquido positivo em R$ 6,08 bilhões, ante um resultado negativo de R$ 24,6 bilhões do mesmo intervalo do ano anterior.
Em 2016, o resultado foi positivo em R$ 4,8 bilhões, ante número negativo de R$ 12,9 bilhões de 2015.
Naquele ano, o prejuízo decorreu dos menores preços de venda do petróleo e das baixas contábeis por impairment em certos campos de produção no Brasil e no exterior, em função da revisão das premissas de preços.
Em 2016, o custo de extração (“lifting cost”) do barril de petróleo sem participação governamental foi de US$ 10,64 ou R$ 36,33, enquanto que, quando considerada a participação governamental, foi de US$ 16,27 ou R$ 55,12.
Em 2015, o custo de extração foi de US$ 11,95 o barril ou R$ 39,31 sem participação governamental, subindo para US$ 18,53 ou R$ 61,52 com a participação governamental.
Abastecimento
A Petrobras informou que a área de Abastecimento terminou o quarto trimestre de 2016 com lucro de R$ 2,99 bilhões, alta de 29% ante o ganho de R$ 2,3 bilhões apurado nos últimos três meses de 2015.
No ano, o resultado foi positivo em R$ 20,59 bilhões, alta de 14% em relação ao lucro de R$ 18,03 bilhões de 2015.
A Petrobras registrou a importação de 305 mil barris por dia em petróleo e derivados no trimestre, ao mesmo tempo em que exportou 634 mil barris por dia, resultando numa exportação líquida de 329 mil barris por dia no trimestre.
Distribuição
O segmento de distribuição de combustíveis da Petrobras terminou o quarto trimestre com lucro de R$ 89 bilhões, queda de 94%. No ano, o setor teve lucro de R$ 220 milhões, ante o prejuízo de R$ 798 milhões obtido em 2015.
A participação de mercado da Petrobras nessa área chegou a 30,5% no quarto trimestre do ano passado, ante 34% no último trimestre de 2015.
Com isso, a fatia chegou a 31,1% em 2016, ante 34,9% no ano anterior.
Segundo a companhia, essa redução de participação de mercado é explicada, principalmente, pela redução das vendas às termelétricas.
“Além disso, foi mantida a política de preservação das margens de comercialização, priorizando a rentabilidade da companhia”, diz a Petrobras.
Gás
A área de gás e energia da Petrobras obteve lucro líquido de R$ 1,32 bilhão no quarto trimestre, revertendo prejuízo de R$ 1,48 bilhão apurado no mesmo intervalo de 2015.
Em 2016, o resultado foi positivo em R$ 2,56 bilhões, ante o lucro de R$ 423 milhões de 2015.
As vendas de energia elétrica no mercado livre (ACL) somaram 804 megawatts (MW) médios no quarto trimestres, alta de 0,5%, enquanto as no mercado regulado (ACR) subiram 3,7%, para 3,1 GW médios.
No ano, as vendas de energia no ACL somaram 835 MW médios, queda de 2,7%, enquanto as no ACR chegaram a 3,1 GW médios, alta de 0,4%.
Prejuízo acumulado
Desde a eclosão da Operação Lava-Jato, em 2014, as perdas com itens especiais da Petrobras já somam R$ 140,3 bilhões. Foram R$ 22,2 bilhões em 2016, R$ 64,5 bilhões em 2015 e R$ 53,6 bilhões em 2014.
A maior parte desses montantes é referente a baixas contábeis por redução ao valor recuperável de ativos e investimentos (“impairment”), que somaram R$ 20,9 bilhões em 2016, R$ 49,7 bilhões em 2015 e R$ 44,6 bilhões em 2014. São R$ 115,3 bilhões no total.
Mas também entram na conta gastos com o programa de incentivo ao desligamento da empresa, perdas ou ganhos com contingências judiciais, perdas com recebíveis do setor elétrico, além de ganhos com venda de ativos e com a recuperação de valores no âmbito da operação Lava-Jato.
Esses itens foram os grandes responsáveis pelos prejuízos da Petrobras nos últimos anos. De 2014 a 2016, os resultados negativos da estatal somam R$ 71,2 bilhões.
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